O mito inesiano e a geração de Orpheu

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i30p156-181

Palavras-chave:

Ângelo de Lima, Alfredo Guisado, Fernando Pessoa, Orpheu, Mito inesiano

Resumo

Entendido o mito como uma narrativa exemplar e relacionada a uma tradição cultural que perpassa diferentes épocas e ganha distintas representações artísticas, o presente artigo centra-se na representação do mito da supervivência do amor a partir da história de D. Pedro e D. Inês de Castro, cujo desenlace trágico se tornou ponto de partida para a criação do mito inesiano. Ao contrário de outros mitos de criação popular, este foi fabricado por literatos, nomeadamente Fernão Lopes, que interpretou as arcas tumulares de Alcobaça e recolheu testemunhos dos monges daquele mosteiro, e Luís de Camões, responsável pela criação de um episódio lírico em Os Lusíadas, texto predominantemente épico. Sobretudo o discurso suplicante de Inês diante do então rei D. Afonso IV ganhou muitas representações artísticas e literárias, como a tela de Vieira Portuense, no século XIX. Outros aspectos da história e do mito, como o do cortejo fúnebre de Coimbra a Alcobaça (história) e a coroação de Inês declarada rainha depois de morta (mito), encontram-se, entre tantas representações artísticas, respectivamente, nos poemas de Ângelo de Lima e Alfredo Guisado, minuciosamente analisados neste artigo, que também apresenta um esboço de um drama estático de Fernando Pessoa. A geração de Orpheu, a par dos procedimentos vanguardistas, apresenta um forte diálogo com a tradição historiográfica e mitológica, o que será demonstrado neste artigo.

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Biografia do Autor

  • Fernando de Moraes Gebra, Universidade de Lisboa

    Doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Estadual de Londrina. Graduado em Letras (Português-Francês e respectivas Literaturas) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus Assis. É membro de dois centros de investigação: Centro de Humanidades (CHAM), da Universidade Nova de Lisboa, e Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL), da Universidade de Lisboa.

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Publicado

2023-12-31

Como Citar

Gebra, F. de M. (2023). O mito inesiano e a geração de Orpheu. Revista Desassossego, 15(30), 156-181. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v15i30p156-181