Alegoria e símbolo em torno do Fausto de Goethe
Resumo
Este ensaio enfoca o Fausto de Goethe, mais particularmente sua Segunda Parte, à luz da longa tradição de reflexões teóricas sobre a alegoria e o símbolo. Essa tradição - que remonta, pelo menos, a Quintilianus (Institutio Oratoria, 95 a. C.) - tem nas clássicas sentenças publicadas por Goethe no volume Máximas e reflexõesum momento culminante, que servirá de parâmetro a teorizações posteriores, por mais diferentes que possam ser (como ilustram as posições de Walter Benjamin e Georg Lukács). Embora Goethe tenha condenado a alegoria durante o classicismo de Weimar, o Fausto II, "ocupação principal" (Hauptgeschäft) de seus últimos anos de vida, é considerado uma das obras mais alegóricas da literatura alemã. O ensaio busca discutir essa aparente contradição estruturando a argumentação crítica em três passos: o contexto em que Goethe desenvolveu suas concepções de símbolo e alegoria; os momentos da insólita recepção que coube ao Fausto II; a mudança de paradigma que se deu com a interpretação marxista que Heinz Schlaffer dedicou à Segunda Parte do drama enquanto "alegoria do século XIX". O ensaio acena ainda com a possibilidade de superar exegeses fundamentadas na relação antitética entre símbolo e alegoria recorrendo à ideia de "fórmula ético-estética", que Goethe esboçou em sua velhice ao mesmo tempo que abandonava aquela oposição concebida no período de convivência com Schiller. Desse novo ângulo de visão, o Fausto II poderá ser entendido, entre outras possibilidades de leitura, como expressiva "fórmula ético-estética" para epifenômenos da Revolução Industrial, como deixam entrever as cenas do Fausto escritas por volta de 1830.Downloads
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Publicado
2015-08-01
Edição
Seção
Literatura
Licença
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Como Citar
Mazzari, M. V. (2015). Alegoria e símbolo em torno do Fausto de Goethe . Estudos Avançados, 29(84), 277-304. https://periodicos.usp.br/eav/article/view/104965