Fazer desaparecer, fazer esquecer: desaparecimentos forçados e danação da memória sob as ditaduras de Segurança Nacional
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v12i1p244-265Palavras-chave:
Desaparecimentos forçados, Direitos Humanos, Memória, Terrorismo de EstadoResumo
O presente artigo tem como objetivo explorar as políticas de desaparecimentos forçados em regimes de exceção para além da esfera da ação individual e insólita, localizando historicamente e situando simbolicamente o uso tático-político dessa técnica repressiva ao longo do século XX. Através da revisão bibliográfica embasada nas considerações de intelectuais como Hannah Arendt, Enrique Padrós e Marcos Napolitano, buscamos traçar um panorama histórico que ilustra como a eficiência dessa prática institucional se fez possível com um acúmulo de experiências de violência perpetradas pelo Estado, que culminaram nas ditaduras militares na Argentina, Uruguai e Brasil, bem como em outros regimes de exceção. Assim, a partir de uma compreensão do terrorismo de Estado como um contínuo histórico, é possível entender a política de desaparecimentos como a consolidação de um sistema operacional plenamente institucionalizado e eficaz, cuja finalidade era o fortalecimento de um aparato repressivo e a propagação de uma atmosfera de terror capaz de inibir a subversão das massas e destruir a construção de uma memória altiva popular.
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