O clima como novo comum urbano: conforto térmico na agenda do direito à cidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2024.219263

Palavras-chave:

Comuns urbanos, Direito à cidade, Clima urbano, Conforto térmico, Bens comuns legais

Resumo

Este artigo busca contribuir para o debate teórico sobre o processo de urbanização e seu impacto no uso de recursos comuns nas cidades (urban commons) frente às mudanças climáticas inerentes ao modelo de urbanização contemporâneo. Parques, ruas, edifícios, energia e água são reconhecidos como bens comuns urbanos, no entanto, com o aumento dos riscos climáticos inerentes ao processo de adensamento desses espaços, o aumento das temperaturas tem gerado desconforto e problemas de saúde a seus habitantes. Neste trabalho, abordamos o clima como um bem comum, associado à problemática das mudanças climáticas nas cidades a partir do conceito de conforto térmico (cooling the commons). A partir de uma abordagem dialética das contradições e limites da teoria dos commons de Ostrom adaptada ao contexto urbano, visamos contribuir para o debate teórico sobre os bens comuns urbanos a partir da articulação com as reivindicações do “direito à cidade” de Lefebvre. Visando ir além da antítese público-privado, Estado-mercado, é possível repensar práticas e alternativas compartilhadas e sustentáveis de produção social do espaço para a práxis urbana ser social e ambientalmente justa para todos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jaqueline Nichi, Universidade Estadual de Campinas

    Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp).

  • Caroline Malagutti Fassina, Universidade Estadual de Campinas

    Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp).

  • Marcelo Rezende Calça Soeira, Universidade Estadual de Campinas

    Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp).

Referências

AKBARI, H. et al. The urban heat island: Causes and impacts. Cooling our communities, p. 5-25, 1992.

BLOMLEY, Nicholas K. Unsettling the city: Urban land and the politics of property. Psychology Press, 2004.

BOLLIER, David. Think like a commoner: A short introduction to the life of the commons. New Society Publishers, 2014.

DE ABREU, R. C. et al. Attribution of detected temperature trends in Southeast Brazil. Geophysical Research Letters, v. 46, n. 14, p. 8407-8414, 2019.

DELLENBAUGH, Mary et al. (Ed.). Bem comuns urbanos: indo além do estado e do mercado . Birkhäuser, 2015.

FARIAS, André Rodrigo et al. Identificação, mapeamento e quantificação das áreas urbanas do Brasil. Embrapa Gestão Territorial-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2017.

FATIGATI, Flavio Laurenza. Estudo da variação da temperatura da superfície do município de São Paulo no período 1991-2006 com a utilização de imagens termais do satélite LANDSAT-5 TM. Anais do XIV Simpósio brasileiro de sensoriamento remoto. Natal: INPE, p. 25-30, 2009.

FIORAVANTI, Carlos et al. Um Brasil mais quente. Pesquisa Fapesp, São Paulo, n. 130, 2006.

GEIRINHAS, João L. et al. Climatic and synoptic characterization of heat waves in Brazil. International Journal of Climatology, v. 38, n. 4, p. 1760-1776, 2018.

GUO, Yuming et al. Heat wave and mortality: a multicountry, multicommunity study. Environmental health perspectives, v. 125, n. 8, p. 087006, 2017.

HARDIN, Garrett. The tragedy of the commons. Journal of Natural Resources Policy Research, v. 1, n. 3, p. 243-253, 2009.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Commonwealth. Harvard University Press, 2009.

HARVEY, David. Rebel cities: From the right to the city to the urban revolution. Verso books, 2012.

INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: <https://portal.inmet.gov.br/>. Acesso em: 20 de maio de 2021.

LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte. Humanitas, 1999.

_____________. LEFEBVRE, Henri; À CIDADE, O. Direito. tradução Rubens Eduardo Frias. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

LOMBARDO, Magda Adelaide. Ilha de calor nas metrópoles: o exemplo de São Paulo. Editora Hucitec com apoio de Lalekla SA Comércio e Indústria, 1985.

MELLICK LOPES, Abby et al. Cooling Common Spaces in Densifying Urban Environments: A Review of Best Practice and Guide for Western Sydney Renewal. 2020.

MENDONÇA, Francisco; MONTEIRO, CA de F. Clima urbano. São Paulo: Contexto, v. 2, 2003.

OKE, T. R. Boundary layer climates, London: Methuem & Co. LTD.,, 1978.

DE OLIVEIRA, Camila Espezio; PAVANELLI, João Marcos Mott; IGARI, Alexandre Toshiro. Serviços ecossistêmicos e bens comuns: uma breve conceitualização. Diálogos Socioambientais na Macrometrópole Paulista, v. 3, n. 07, p. 24-26, 2020.

OSTROM, Elinor. Governing the commons: The evolution of institutions for collective action. Cambridge university press, 1990.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. SciELO-Editora UnB, 2013.

TONUCCI FILHO, Joao Bosco Moura. Comum urbano: a cidade além do público e do privado. 2017.

VICEDO-CABRERA, A. M. et al. The burden of heat-related mortality attributable to recent human-induced climate change. Nature climate change, 2021.

WALL, Derek. The commons in history: culture, conflict, and ecology. MIT Press, 2014.

Downloads

Publicado

2023-05-29

Edição

Seção

Ecologias Digitais do Sul

Como Citar

Nichi, J., Fassina, C. M. ., & Soeira, M. R. C. . (2023). O clima como novo comum urbano: conforto térmico na agenda do direito à cidade. Revista Extraprensa, 17(1), 155-173. https://doi.org/10.11606/extraprensa2024.219263