Contribuições de uma leitura fleckiana do movimento Anti-Vaxx para a compreensão do negacionismo científico
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-6224v19i1p65-81Palavras-chave:
Epistemologia, Ludwik Fleck, sociologia da ciência, negacionismo científico, VacinasResumo
Este artigo aborda a carreira, interesses profissionais e o contexto sócio-político em que viveu Ludwik Fleck A seguir, foca nos conceitos de “estilo de pensamento” e “coletivo de pensamento” que fazem parte de sua epistemologia. O objetivo é a partir deles e de outros elementos da epistemologia de Fleck compreender o processo histórico-cultural envolvido no negacionismo científico em relação à vacina. Para isso, utilizaremos alguns exemplos históricos. Consideramos que o movimento antivacinas é representado por um grupo de pessoas que pertencem, predominantemente, a círculos exotéricos em termos políticos, expressando dogmaticamente os interesses políticos desses grupos. Os manifestantes contra a vacina se posicionam como defensores das liberdades individuais, desconfiando da máquina pública e compreendendo o estado como uma entidade controladora e invasiva.
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