Capitalismo de vigilância e lutas algorítmicas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v18i1p105-125

Palavras-chave:

Técnica, Capitalismo de vigilância, Algoritmos, Lutas Sociais

Resumo

Nos últimos anos, a literatura sobre técnicas digitais rebentou em uma espiral de denúncias contra os algoritmos. Eles seriam as técnicas neoliberais por meio das quais uma nova etapa do capitalismo subsumiria globalmente as sociedades, encerrando-as em uma repetição infinita assegurada pelo extrativismo de dados e pela vigilância contínua. Esse ensaio problematiza o capitalismo de vigilância – um dos principais pontos de convergência desse debate. Ainda, reposiciona a clivagem entre vigilância e segurança no contexto da pandemia de covid-19 sob a ótica das lutas algorítmicas. Como resultado, afirma que o capitalismo de vigilância escamoteia a perspectiva do trabalho e das lutas, lançando-nos ao impasse e ao imobilismo políticos.

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Biografia do Autor

  • Murilo Duarte Costa Corrêa, Universidade Estadual de Ponta Grossa

    Professor Associado no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Doutor e Mestre em Filosofia e Teoria do Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), respectivamente, com pós-doutorados na Vrije Universiteit Brussel e na Universidad de Buenos Aires.

  • Giuseppe Cocco, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Graduado em Sciences Politiques - Université de Paris 8 (1984). Mestre em Science Technologie et Société - Conservatoire National des Arts et Métiers (1988). Mestre (1988) e doutor (1993) em História Social - Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1986) e doutorado em História Social - Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1993). Pós-Doutorado no departamento de Psycho-Social Studies da Birkbeck University de Londres (em 2017-2018). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro da Pós-Graduação da Escola de Comunicação e do Programa em Ciência de Informação (Eco-Ibict), Pesquisador 1 do CNPq, Cientista do Nosso Estado (Faperj), é editor das revistas Lugar comum (1415-8604) e - Multitudes (Paris) (0292-0107).Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Política Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, comunicação, globalização, cidade, fordismo e cidadania.Publicou com Antonio Negri o livro GlobAL: Biopoder e lutas em uma América Latina globalizada, (Record:2005), MUNDOBRAZ: o devir-Brasil do mundo e o devir-mundo do Brasil (Record, 2009) e KORPOBRAZ:Por uma política dos corpos (Mauad, 2014). O último livro publicado é New Neoliberalism and the Other. Biopower, Anthropophagy and Living Money, Lexington, 2018 (em co-autoria com Bruno Cava).

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Publicado

2024-04-30

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Corrêa, M. D. C., & Cocco, G. (2024). Capitalismo de vigilância e lutas algorítmicas. MATRIZes, 18(1), 105-125. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v18i1p105-125