“Enquanto eu dormia, cavaram uma cova no fundo do meu peito”: mineração, deslocamento compulsório e pichações nas ruínas de cinco bairros fantasmas (Maceió-AL)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/n32yqp31

Palabras clave:

pichação, ruínas, mineração, Maceió, Braskem

Resumen

O presente artigo propõe uma reflexão sobre pichações presentes nas ruínas de bairros em afundamento na cidade de Maceió, Alagoas. O desastre socioambiental, que atinge cinco bairros da capital, é resultado da exploração de sal-gema pela petroquímica Braskem S/A e culminou no deslocamento compulsório (Haesbaert, 2004) de cerca de 60 mil pessoas. Com base em investigações etnográficas independentes, pesquisa documental e em diálogo com dois projetos fotográficos locais, compilamos um conjunto de pichações e grafites feitos por moradores e ex-moradores dos bairros condenados. Discutimos as intervenções relacionadas às materialidades do arruinamento, atentando-nos para as maneiras com que memórias, frustrações, denúncias e reivindicações são expressas nos escritos e desenhos pichados em muros depredados. Logo, buscamos examinar como os atores sociais se articulam em resposta à violência perpetrada e encontram maneiras de reocupar os signos da destruição, reconfigurando subjetividades e inaugurando novos modos de ação histórica (Das, 2020).

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Publicado

2024-07-24

Número

Sección

Dossiê: Estéticas engajadas e cidade

Cómo citar

Souza, L. ., Petronilho, A. S. ., & Eduardo, C. (2024). “Enquanto eu dormia, cavaram uma cova no fundo do meu peito”: mineração, deslocamento compulsório e pichações nas ruínas de cinco bairros fantasmas (Maceió-AL). Ponto Urbe, 31(1), 1-26. https://doi.org/10.11606/n32yqp31