Redes, mediadores e domínios de cuidados na epidemia da síndrome congênita do Zika
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.187773Palavras-chave:
Zika, epidemia, mediação, domínios de cuidado, transitoriedadeResumo
Com base de uma pesquisa etnográfica junto a mães, prestadores e gestores de serviços assistenciais de saúde e equipes pesquisa na epidemia do Zika no Brasil a partir de 2015 este trabalho apresenta a atuação de oito mulheres na mediação e formação de redes em diferentes domínios de cuidado que atravessam o ambiente emergencial. Discute o conceito de mediação como multifacetada, polissêmica e transitória ocorrendo no “saber correr atrás” (de benefícios) de atores na conexão entre domínios familiares de cuidado que se organizam por uma moral de relacionalidade cotidiana, do domínio de serviços de atendimento e gestão com uma moral de preservação do sistema de atendimento, e do domínio de pesquisadores com uma moral de conhecimento. Argumenta que a prática de mediação usa e preserva as redes no domínio do mediador, mostrando a sua conexão complementar a outro domínio através de ações especificas, expressando emoções em diferentes intensidades que contribuem à confiabilidade mutua e consecução de serviços. Exemplifica a atuação de quatro mediadoras dos serviços de atendimento e de gestão, duas de equipes de pesquisa, e duas de associações que representam as famílias. Termina realçando a importância do tempo emergencial na criação de mediação mais intensa enquanto a transitoriedade do evento da epidemia desfavorece continuidades.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, Maria de Fatima Pessoa Militão de; SOUZA, Wayner Vieira de; ARAÚJO, Thália Velho Barreto; BRAGA, Maria Cynthia; MIRANDA FILHO, Demócrito de Barros; XIMENES, Ricardo Arraes de Alencar; DE MELO FILHO, Djalma Agripino; BRITO, Carlos Alexandre Antunes de; VALONGUEIRO, Sandra; MELO, Ana Paula Lopes de; BRANDÃO-FILHO, Sinval Pinto; MARTELLI, Celina Maria Turchi. 2018. Epidemia de microcefalia e vírus Zika: a construção do conhecimento em epidemiologia, Cadernos de Saúde Pública, Volume: 34, Número: 10; 34(P):e00069018
ALVES, Paulo César. 2015. “Itinerário terapêutico e os nexus de significados da doença. Política e Trabalho: Revista de Ciências Sociais”, nº 42, Janeiro/Junho de 2015: 29-43.
ALVES, Raquel Lustosa da Costa. 2020. “É uma rotina de muito cansaço”: Narrativas sobre cansaço na trajetória de cuidados das mães de micro em Recife/PE. Dissertação de Mestrado, PPG em Antropologia UFPE, Recife.
AYRES, José Ricardo C. M. 2009. Cuidado: trabalho e interação nas práticas de saúde. Rio: CEPESC – IMS/UERJ – ABRASCO.
ÁVILA, M. B. 2003. Direitos Sexuais e Reprodutivos: desafios para as políticas de saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19 (Sup.2): 465-469.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Luis Roberto. 1997. “Da Moralidade à Eticidade via Questões de Legitimidade e Equidade. Revista de Ciências Sociais, 3 (2): 7-44.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. 1995. “Antropologia e a crise dos modelos explicativos”. Estudos Avançados, 9 (25).
CLAUDINO, Giullian. A conciliação e a mediação no direito de família. Jus.br.
https://jus.com.br/artigos/83881/a-conciliacao-e-a-mediacao-no-direito-de-familia (acessado 05 de maio, 2021)
CORRÊA, Sônia.1999. “’Saúde reprodutiva’, gênero e sexualidade: Legitimação e novas interrogações”. In: GIFFIN, Karen; COSTA, Sarah Hawker. (Org.). Questões da saúde reprodutiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
DINIZ, Débora. 2007. O que é deficiência? São Paulo: Brasiliense.
DINIZ, Debora. 2016. Zika: Do Sertão nordestino à ameaça global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
DOMITROVIC, Nathália; ARAÚJO, Maristela D.; QUINTANILHA, Bruna C. 2013. “O papel do mediador no incentivo à participação das comunidades nas ações de promoção da saúde”. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 15(1), 81-91. jan.-abr.
FLEISCHER, Soraya; LIMA, Flavia (orgs). Micro: contribuições de antropologia. Brasília: Atalaia, 2020.
GARNELO, Luiza. 2017. “As Mil e Uma Faces da Mediação nas Políticas e Práticas de Saúde”. In: TEIXEIRA, Carla Costa; VALLE, Carlos Guilherme do; NEVES, Rita de Cássia Neves (org), Saúde, mediações e mediadores. Brasília: ABA Publicações; Natal: EDUFRN.
LIRA, Luciana Campelo de; AUTOR, XX; MEIRA, Fernanda. ANO. “Trocas, Gênero, Assimetrias e Alinhamentos: experiência etnográfica com mães e crianças com síndrome congênita do Zika”. Revista ANTHROPOLÓGICAS 28(2): 206-237.
MATOS, Silvana; QUADROS, M. T.; SILVA, A. C. R. 2019. “A negociação do acesso ao Benefício de Prestação Continuada por crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus em Pernambuco”. Anuário Antropológico, v. II; 229-260.
NEVES, Delma Pessanha. 2010. “Políticas públicas: mediação e gestão de demandas sociais”. Retratos de assentamentos, 13: 171-206.
RECH. Carla Michele. 2017. “Mediação social: uma revisão sobre o conceito”. Revista Eletrônica Interações Sociais – REIS Revista de Ciências Sociais, 1: 97-114.
SCAVONE Lucila. 2004. Dar a vida e cuidar da vida: feminismo e ciências sociais. São Paulo: Unesp.
SCHRAIBER, Lilia Blima; PEDUZZI, Marina; SALA, Arnaldo; NEMES, Maria Inês B.; CASTANHERA, Elen Rose L.; KON, Rubens. 1999. Planejamento, gestão e avaliação em saúde: identificando problemas. Ciência saúde coletiva 4 (2): 221-242.
AUTOR, XX. ANO. ‘Agentes comunitários e saúde reprodutivo: uma experiência no Nordeste”. In: BALTAR, Maria Isabel, OLIVEIRA, Maria Coleta de (Org.). Saúde reprodutiva na esfera pública e política. São Paulo: Editora da Unicamp.
AUTOR, XX. ANO. Famílias Brasileiras: poderes, desigualdades e solidariedades. Recife: EDUFPE.
AUTOR, XX. ANO. “As famílias que os programas de saúde pública constroem no Brasil”. In: Pedro Nascimento, Luís Felipe Rios (orgs). Gênero, saúde e práticas profissionais. Recife: Ed. Universitária de UFPE.
AUTOR, XX. ANO. “Sendo Prioridade entre as Prioridades. Fortalecimento mútuo e desentendimentos na articulação de cuidados entre casa, serviços e áreas de conhecimento”. In. AUTOR, XX; LIRA, Luciana; MATOS, Silvana (orgs.). 2020a. Práticas Sociais no Epicentro da Epidemia do Zika. Recife: EDUFPE. Ebook - Cap. 1.
AUTOR, XX. ANO. “Cuidados, Mobilidade e Poder num Contexto de Epidemia: Relações Familiares e Espaços de Negociação”. Revista Mana 26: 1-34.
AUTOR, XX. ANO. “Fim da Epidemia da Síndrome Congênita do Zika: Pensão Vitalícia e Governança Múltipla de Domínios de Cuidados”. Áltera: Revista De Antropologia, 11: 52-78.
AUTOR, XX e LIRA, Luciana. ANO. “A gestão do tempo no tempo da emergência: o cotidiano das mães e crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika”. Ayé: Revista de Antropologia. 1 (1), 14 – 29.
AUTOR, XX; LIRA, Luciana; MATOS, Silvana (orgs.). ANO. Práticas Sociais no Epicentro da Epidemia do Zika. Recife: EDUFPE - Ebook.
AUTOR, XX; LIRA, Luciana Campêlo de; MATOS, Silvana Sobreira de; SOUZA, Fernanda Maria; SILVA, Ana Claudia; QUADROS, Marion Teodósio de. ANO. “Itinerários terapêuticos, cuidados e atendimento na construção de ideias sobre maternidade infância no contexto da Zika”. Interface (Botucatu). 22(66): 673-84. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v22n66/1807-5762-icse-22-66-0673.pdf
AUTOR, XX; QUADROS, Marion Teodósio de. (Org.). ANO. A Diversidade no Ibura: Gênero, Geração e Saúde num Bairro Popular do Recife. Recife: Editora Universitária.
SILVA, Ana Cláudia Rodrigues da; MATOS, Silvana Sobreira de; QUADROS, Marion Teodósio de. “Economia Política do Zika: Realçando relações entre Estado e cidadão”. Revista AntHropológicas, dez. 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaanthropologicas/article/view/231440/25547>
SOUZA, Nathália Lira de; COELHO, Bernadete Perez, ARAÚJO JÚNIOR, José Luiz A.C. 2020. “A Descoberta: a alerta para microcefalia e outros sinais e sintomas associados a SCZ e a reorganização da rede de serviços de saúde em Pernambuco”. In: AUTOR, XX; LIRA, Luciana; MATOS, Silvana (orgs.). ANO. Práticas Sociais no Epicentro da Epidemia do Zika. Recife: EDUFPE.2017. Ebook Capítulo 5.
TEIXEIRA, Carla Costa; VALLE, Carlos Guilherme do; NEVES, Rita de Cássia (orgs). 2017. Saúde, mediações e mediadores. Brasília: ABA Publicações; Natal: EDUFRN.
TRONTO, Joan. 1997. “Mulheres e Cuidados: O que as Feministas Podem Aprender Sobre Moralidade”. In: JAGGER, Alison. M; BORDO, Susan. R. (editoras). Gênero, Corpo e Conhecimento. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos,
VILLELA, Wilza e MONTEIRO, Simone (Org.). 2005. Gênero e Saúde: Programa Saúde da Família em questão. São Paulo: ABRASCO - Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva;UNFPA.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista de Antropologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Dados de financiamento
-
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Números do Financiamento (440411/2016-5) -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento 8888.130742/2016-01 -
Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
Números do Financiamento APQ 0553-7.03/16 -
Newton Fund
Números do Financiamento APQ 0553-7.03/16 (com FACEPE - co-financiamento)