Teia dos Povos: estratégias cosmopolíticas agroecológicas na formação de uma rede de autonomias no sul da Bahia

Autores

  • Spensy Kmitta Pimentel Universidade Federal do Sul da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.204551

Palavras-chave:

Teia dos Povos, Autonomia, Agroecologia, Cosmopolíticas, Sul da Bahia

Resumo

A Teia dos Povos é uma coalizão cosmopolítica que reúne camponeses, indígenas, quilombolas, pescadores, povos de terreiros e outros grupos residentes no Sul da Bahia em torno de iniciativas comuns, inicialmente em torno da agroecologia e, posteriormente, articulando alianças na defesa de territórios comunitários. A partir de elementos etnográficos e da compreensão da Teia como think tank popular, o autor propõe uma discussão sobre as ações e discussões ocorridas no âmbito dessa rede, considerando sua afinidade com ideais dos movimentos autônomos latino-americanos. O objetivo é entender como determinados conceitos e ideais de “autonomia” surgidos em países como o México operam na realidade brasileira, com seus alcances e limites. Ao mesmo tempo, demonstramos como o ambiente intelectual da Teia é frutífero para o surgimento de concepções ontológico-políticas originais, a partir de reflexões sobre a agroecologia, o encontro dos povos afro e indígenas na região e outros elementos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Spensy Kmitta Pimentel, Universidade Federal do Sul da Bahia

    Spensy K. Pimentel é professor adjunto no Centro de Formação em Artes e Comunicação da Universidade Federal do Sul da Bahia, onde também integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências e Sustentabilidade. Mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, com estágio na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), é líder do grupo de pesquisa e ação Comunidades e(m) Autonomia.

Referências

ASSOCIAÇÃO DE ADVOGADOS DE TRABALHADORES RURAIS (AATR). 2017. No rastro da grilagem. N. 1, v. 1.

ALTIERI, Miguel A.; TOLEDO, Victor M. 2010. “La revolución agroecológica de América Latina. Rescatar la naturaleza, asegurar la soberanía alimentaria y empoderar al campesino”. El Otro Derecho n. 42.

AMORIM, Mirtes M. 2014. “Castoriadis – projeto de uma sociedade autônoma e democrática”. PIDCC ano III, n. 6.

ADAMOVSKY, E. et al. 2011. Pensar las autonomias – alternativas de emancipación al capital y al Estado. Mexico: Sísifo/Bajotierra.

BARTRA, Armando; OTERO, Gerardo. “Movimientos indígenas campesinos en México: la lucha por la tierra, la autonomía y la democracia”. In MOYO, Sam; YEROS, Paris [org.]. Recuperando la tierra. El resurgimiento de movimientos rurales en África, Asia y América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2008.

BECK, Ulrich. 2008. “Reframing power in the globalized world”. Organization Studies v. 29, n. 5.

BOGO, Ademar. 2003. Arquitetos de sonhos. São Paulo: Expressão Popular.

BOITO, Armando. 2018. Reforma e crise política no Brasil – os conflitos de classe nos governos do PT. Campinas/São Paulo: Ed. da Unicamp/Ed. Unesp.

BRANDÃO, Carlos R. Sem data. Entre a observação participante e a pesquisa participante – memórias e imaginários ao redor de vivências com pesquisas entre “puras” “aplicadas” “etnográficas” e “participantes”. Disponível em: www.apartilhadavida.com.br. Acesso em: 01 fev. 2021.

CLASTRES, Pierre. 2003 [1974]. A Sociedade Contra o Estado. Cosac Naify, São Paulo.

COCA, Estevan L.F. 2016. “20 anos da proposta de soberania alimentar: construindo um regime alimentar alternativo”. Revista NERA ano 19, n. 32, p. 14-33.

DE LA CADENA, Marisol; BLASER, Mario (orgs.). 2018. A world of many worlds. Duke Univ. Press: Durham/London.

DRUCK, Graça. 2005. “Os sindicatos, os movimentos sociais e o governo Lula: cooptação e resistência”. OSAL ano VI, n. 19, Clacso, Buenos Aires.

ESCOBAR, Arturo. 2014. Sentipensar con la tierra : nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: UNAULA.

ESCOBAR, Arturo. 2015. “Territórios de diferencia: la ontologia política de los “derechos al território”. Desenvolvimento & Meio Ambiente 35.

EZLN. 2005. “Sexta Declaración de la Selva Lacandona”. Enlace Zapatista, jun 2005. Disponível em: http://enlacezapatista.ezln.org.mx/sdsl-es/ Acesso em: 20 set 2021.

EZLN. 2013. “Para: Alí Babá y sus 40 ladrones (gobernadores, jefe de gobierno y lame-suelas)”. Enlace Zapatista, 22 jan 2013. Disponível em: http://enlacezapatista.ezln.org.mx/2013/01/22/para-ali-baba-y-sus-40-ladrones-gobernadores-jefe-de-gobierno-y-lame-suelas/ Acesso em: 20 set. 2021.

FERREIRA, Joelson; FELÍCIO, Erahsto. 2021. Por terra e território – caminhos da revolução dos povos no Brasil. Arataca, Teia dos Povos.

GASPARELLO, Giovanna; QUINTANA, Jayme. 2009. Otras geografías: experiencias de autonomias indígenas en México. México DF: UAM.

GEOGRAFAR – Geografia dos Assentamentos na Área Rural. S.d. Projeto de Assentamento Terra Vista. Disponível em: https://geografar.ufba.br/projeto-de-assentamento-terra-vista

GIRALDO, Omar Felipe. 2018. Ecología política de la agricultura. Agroecología y posdesarrollo. San Cristóbal de Las Casas: El Colegio de la Frontera Sur.

GOLDMAN, Marcio. 2015. “Quinhentos anos de contato: por uma teoria etnográfica da (contra)mestiçagem”. Mana 21: 3.

GUIMARÃES, Eduardo A. M. 2018. “Agrofloresta de quase tudo e cabruca de quase nada nas terras do sem fim”. Cadernos de Agroecologia v. 13, n. 1 (Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF).

GUTIERREZ, Raquel; ESCÁRZAGA, Fabiola. (coords.). 2006. Movimiento indígena en América Latina: resistencia y proyecto alternativo – vol. II. México DF: Casa Juan Pablos/CEAM/BUAP.

HILSENBECK Fº, Alexander M. 2013. O MST no fio da navalha – dilemas, desafios e potencialidades da luta de classes. Campinas, tese de doutorado, Universidade de Campinas (Unicamp).

HILSENBECK Fº, Alexander M. 2016. “Lutas zapatistas e sem-terra: análise sobre autonomia, eleições e burocratização”. Lutas Sociais, v.20 n.37, p.127-141.

IBORRA-MALLENT, Juan V.; MONTAÑEZ-PICO, Daniel. 2020. "Los orígenes del idea del 'colonialismo interno' en el pensamiento crítico del comunista afroamericano Harry Haywood: crónica de una conversación con Gwendolyn Midlo Hall". Tabula Rasa 35, 89-114.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 2007. Síntese de Indicadores Sociais - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira. Rio de Janeiro, MPOG.

JESUS, Jerry Adriane S. 2020. Formas de exercício de poder: narrativas e alteridades nos processos de organização comunitária na aldeia pataxó Barra Velha. Salvador, dissertação de mestrado, Universidade Federal da Bahia.

LATOUR, Bruno. 2008. Reensamblar lo Social – Una Introducción a la Teoría del Actor-Red. Buenos Aires, Manantial.

LÓPEZ BÁRCENAS, Alfredo. 2007. Autonomias Indígenas en América Latina. Oaxaca/México, Coapi/MC.

MACHINI, Mariana L.F. 2018. Nas fissuras do concreto: política e movimento nas hortas comunitárias da cidade de São Paulo. São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

MARRAS, Stélio. 2018. “Por uma antropologia do entre: reflexões sobre um novo e urgente descentramento do humano”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros v. 69, p.250-66.

MENEZES, Paulo Dimas Rocha de; GÓES, Eva D. A. 2020. “Universidade pública e integração social”. In TUGNY, R. P.; GONÇALVES, G. B. B. (org.). Universidade popular e encontro de saberes. Salvador: EDUFBA.

MORA Bayo, M.; BARONNET, B; STAHLER-SHOLK, R. (org.). 2011. Luchas “muy otras” – zapatismo y autonomia em las comunidades autónomas de Chiapas. México, UAM/Ciesas/UAC.

MOREL, Ana Paula M. 2018. Terra, autonomia, chul’el: aprendizados na educação zapatista. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Museu Nacional/UFRJ.

NICARÁGUA. Lei n. 28 de 2 de septiembre 1987 – Estatuto de la Autonomía de las Regiones de la Costa Atlántica de Nicaragua. Disponível em: https://cpisp.org.br/lei-no-28-de-1987/ Acesso em: 20 set. 2021.

OLIVEIRA, Ernesto G. B. 2017. Soberania alimentar e o direito a uma alimentação adequada: uma análise das políticas públicas voltadas para o Assentamento Terra Vista, no município de Arataca-BA. Salvador, TCC do bacharelado em Direito, Universidade do Estado da Bahia.

OLIVEIRA, Joelson F. 2020. “Movimentos sociais e conhecimento”. In: TUGNY, R. P.; GONÇALVES, G. B. B. (org.). Universidade popular e encontro de saberes. Salvador: EDUFBA.

OLIVEIRA, Joelson. 2020b. “Terra Vista, Terra-Mãe: existência grandiosa no campo”. Cadernos de Leitura n. 111 – Políticas da Terra. Belo Horizonte: Chão de Feira.

OUVIÑA, Hernán. 2011. “Especificidades y desafíos de la autonomía urbana desde una perspectiva prefigurativa”. In AUTORIA COLECTIVA. Pensar las Autonomías. México DF: Bajo Tierra/Sísifo.

PAVELIC, Nathalie. 2019. Aprender e ensinar com os outros: a educação como meio de abertura e de defesa na Aldeia Tupinambá de Serra do Padeiro. Salvador, tese de doutorado, Universidade Federal do Sul da Bahia (UFBA).

PIASENTIN, Flora B. 2011. O sistema cabruca no sudeste da Bahia: perspectivas de sustentabilidade. Brasília, tese de doutorado, Universidade de Brasília.

PIMENTEL, Spensy K. 2012. Elementos para uma teoria política kaiowa e guarani. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo (USP).

PIMENTEL, Spensy K. 2012b. “Cosmopolítica kaiowa e guarani: uma crítica ameríndia ao agronegócio”. R@u, 4(2).

PIMENTEL, Spensy K. 2015. “Aty Guasu, as grandes assembleias kaiowá e guarani: os indígenas de MS e a luta pela redemocratização do país”. In CHAMORRO, G.; COMBÉS, I. (org.). Povos Indígenas no Mato Grosso do Sul. Dourados: Ed. UFGD.

PIMENTEL, Spensy K.; PATAXÓ, Aruã; SOUZA, Marcley A. “Violência em terras indígenas: um diálogo com o cacique Aruã sobre o caso do povo pataxó em Coroa Vermelha”. In FARIA, Lina (org.). Violências e suas configurações – Vulnerabilidades, injustiças e desigualdades sociais, p. 200-230. São Paulo: Hucitec.

PIMENTEL, Spensy K. 2021. “Teia dos Povos: afetos-encantos afro-indígenas-populares numa coalizão cosmopolítica”. Tellus ano 21, n. 46, p. 253-281.

PIMENTEL, Spensy K. 2021b. "Apresentação do dossiê 'Autonomias indígenas, negras, camponesas: novas ontologias políticas na América Latina". Tellus ano 21, n. 46, p. 113-123.

PIMENTEL, Spensy K.; MENEZES, Paulo D. R. 2022. “A Teia dos Povos e a universidade: agroecologia, saberes tradicionais insurgentes e descolonização epistêmica”. Ambiente e Sociedade v. 25.

PORTO-GONÇALVES, Carlos W. 2006. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

ROSSET, Peter M., BARBOSA, Lia P. 2021. “Autonomía y los movimientos sociales del campo en América Latina: un debate urgente”. Aposta. Revista de Ciencias Sociales 89.

SANTOS, Arlete R. 2017. Aliança (neo)desenvolvimentista e decadência ideológica no campo – movimentos sociais e reforma agrária do consenso. Curitiba: CRV.

SANTOS, Solange B. 2016. História do assentamento Terra Vista. Ilhéus, TCC da licenciatura em História, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

SCHAVELZON, Salvador. 2015. Plurinacionalidad y vivir bien/buen vivir. Dos conceptos leídos desde Bolívia y Ecuador post-constituyentes. Quito/Buenos Aires: Abya Ayala/Clacso.

SILVA, Priscila G. 2011. A incorporação da agroecologia pelo MST: reflexões sobre o novo discurso e experiência prática. Niterói, dissertação de mestrado, Universidade Federal Fluminense.

SOUZA, Jurema M. A. 2017. “Remoções, dispersões e reconfigurações étnico-territoriais entre os Pataxó Hãhãhãi”. Mediações vol. 22, n. 2.

STÉDILE, João P. e FERNANDES, Bernardo M. 1999. Brava gente. A trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

TEIA DOS POVOS. Carta da I Jornada de Agroecologia da Bahia. Arataca, 2012. Disponível em <https://povosdamata.org.br>. Acesso em 30 ago 2021.

TEIA DOS POVOS. Carta da II Jornada de Agroecologia da Bahia. Arataca, 2013. Disponível em <https://povosdamata.org.br>. Acesso em 30 ago 2021.

TEIA DOS POVOS. Carta da III Jornada de Agroecologia da Bahia. Arataca, 2014. Disponível em <https://povosdamata.org.br>. Acesso em 30 ago 2021.

TEIA DOS POVOS. Carta da V Jornada de Agroecologia da Bahia. Porto Seguro, 2017. Disponível em http://jornadadeagroecologiadabahia.blogspot.com/. Acesso em 30 ago 2021.

TEIXEIRA, C.A.; SANTOS, S. O.; OLIVEIRA, J.F.; BRITO, S. S. 2018. “As Jornadas de Agroecologia da Bahia como importante instrumento no avanço do debate e prática da agroecologia no estado”. In: ANAIS DO VI CLAA, X CBA e V SEMDF. Cadernos de Agroecologia v. 13, n. 1.

VIANA, Carlos dos Santos. 2017. As Jornadas de Agroecologia da Bahia: espaço de educação não formal da Teia dos Povos. Ilhéus, TCC da licenciatura em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

VIANA, Anderson S. e CARVALHO, Luzeni F. O. 2017. “As Jornadas de Agroecologia da Bahia como espaço de articulações e resistências: uma análise da quinta edição”. In: II CONGRESSO BAIANO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA. Salvador.

WAGNER, Roy. 1987. “Figure-Ground Reversal among the Barok”. In L. Lincoln (ed.) Assemblage of Spirits: Idea and Image in New Ireland. G. Braziller, New York.

Downloads

Publicado

2023-12-14

Edição

Seção

Dossiê "As muitas autonomias e seus mundos: olhares cruzados Brasil-México"

Como Citar

Pimentel, S. K. (2023). Teia dos Povos: estratégias cosmopolíticas agroecológicas na formação de uma rede de autonomias no sul da Bahia. Revista De Antropologia, 66. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.204551