“No porão do navio como saco!”: temporalidades e modos de trabalho das roças santomenses
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.216789Palavras-chave:
São Tomé e Princípe, Tempo do branco, Tempo da empresa, Contrato, CastigoResumo
Cabo Verde aparece na memória social e nas práticas de pessoas cabo-verdianas enquanto um território atravessado e costurado pelas mobilidades a outros territórios, desde Europa, Américas e África. Dos vários territórios possiveis, São Tomé e Principe foi o palco de experiências de dor, de explorações e tentativas de desumanização. Com as narrativas dos meus interlocutores em alusão aos modos de vida no ‘tempo do branco’ versus ‘tempo da empresa’ (nacionalização das roças), vividos nas múltiplas roças santomenses, sinalizo os horrores e os modos escravistas que povoaram as vivências e os modos laborais no mato e nas roças. Proponho que revisitemos os contornos deste modus operandi laboral que emana do acontecimento do contrato, enquanto chave central na fabricação de vidas e na criação das várias temporalidades – o tempo presente, atual e cotidiano, acoplada à categoria ‘castigo’ espelhada nas práticas e nos cotidianos devastados pelo ‘castigo’ de vidas escravizadas.
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