Feminismo, nacionalismo, e a luta pelo significado do adé no Candomblé: ou, como Edison Carneiro e Ruth Landes inverteram o curso da história
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0034-77012008000100004Palavras-chave:
Candomblé, gênero, homossexualidade, nacionalismo, transnacionalismo, Ruth Landes, Edison Carneiro, Arthur Ramos, adéResumo
Durante os anos de 1930 e 1940, Edison Carneiro, Arthur Ramos e Ruth Landes se encontraram no Candomblé, e por meio do seu diálogo - às vezes antagônico, às vezes amoroso -, transformaram essa religião. Carneiro empregou o Candomblé como um símbolo do Nordeste, Ramos o empregou como um símbolo do Brasil, e Landes, como um símbolo do feminismo internacional. O debate sobre o significado do Candomblé não foi meramente acadêmico, mas estabeleceu um novo padrão de gênero na liderança dos templos da Bahia. Ao contrário da história convencional, o Candomblé, uma religião que dava espaço igual a sacerdotes masculinos e femininos nos anos de 1930, se transformou, pela primeira vez nas décadas depois do encontro de Ramos, Carneiro e Landes, num matriarcado. No plano teórico e transcultural, este caso mostra que a imaginação das comunidades - inclusive a do Estado-nação - é um processo transnacional. A identidade nacional resulta não apenas da interação entre famílias de nações, mas também da luta entre comunidades superpostas pela autoridade de definir certos símbolos compartilhados - como o sacerdote adé, o homossexual. Esta interação pode mudar as vidas humanas e mesmo o curso da história.Downloads
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