Marcas de Certificação no Brasil: um estudo sobre os atos normativos infralegais e os julgamentos de pedidos de registros no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2319-0558.v11i1p185-205Palavras-chave:
Marca de Certificação, Conformidade, Lei de Propriedade IndustrialResumo
A marca de certificação tem a finalidade de aferir características e níveis de qualidade à produtos e serviços, tornando-se um valioso mecanismo que lhes agrega valor de mercado. Ela só pode ser requerida por pessoa sem interesse na produção e comercialização do produto ou serviço a ser certificado. Devido a suas características intrínsecas, pedidos de marcas dessa natureza exigem atendimento a uma documentação mais complexa do que nos demais casos de sinais distintivos. Por essa razão, um número significativo de pedidos indeferidos foi observado ao longo dos anos, concluindo-se que o motivo se deve ao não atendimento de exigências legais e até mesmo ao desconhecimento desse expediente. O objetivo desse artigo é apresentar os atos normativos infralegais criados para contribuir no processamento desses pedidos, além de demonstrar o panorama atual das marcas certificatórias vigentes ou em fase de concessão, contemplando desde o primeiro pedido concedido no país, em 1957, até o ano de 2022. Esta é uma pesquisa documental e exploratória, com abordagem qualitativa, instrumentalizada com dados obtidos em pesquisas efetuadas no site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
Downloads
Referências
ÂNGULO, Astrid Coromoto Uzcátegui. A marca de certificação e suas particularidades. Revista da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual, Rio de Janeiro, n. 68, p. 3-9, 2004.
ÂNGULO, Astrid Coromoto Uzcátegui. As Marcas de Certificação. 2006. 275 f. Tese (Doutorado em Direito, área de Relações Internacionais) – Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2006.
BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução à propriedade intelectual. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.
BARBOSA, Patrícia Maria da Silva. Marcas, Indicações Geográficas, selos e certificações de rastreabilidade em busca da certeza da origem e do conteúdo: o caso do café da Região do Cerrado Mineiro. 2015. 261 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia Vegetal) – Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
BARBOSA, Patrícia Maria da Silva; REGALADO, Pablo Ferreira; ARAÚJO, Paulo César Paranhos Vinhaes; MARTINS, Igor Schumann Seabra. Marcas de Certificação no Brasil: normatização e estatísticas. In: ENCONTRO ACADÊMICO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 10., 2017, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ENAPID, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/321275780_MARCAS_DE_CERTIFICACAO_NO_BRASIL_NORMATIZACAO_E_ESTATISTICAS. Acesso em: 12 jan. 2023.
BARBOSA, Patrícia Maria da Silva; DUPIM, Luiz Claudio; PERALTA, Patrícia Pereira. Marcas e Indicações Geográficas: conflitos de registrabilidade nos 20 anos da LPI. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
BARBOSA, Patrícia Maria da Silva; PERALTA, Patrícia Pereira. A função singular da Marca de Certificação. In: ENCONTRO ACADÊMICO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO, 10., 2017, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ENAPID, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/321275834_A_FUNCAO_SINGULAR_DA_MARCA_DE_CERTIFICACAO/stats. Acesso em: 13 jan. 2023.
BRASIL. Lei no 5.772, de 21 de dezembro de 1971. Institui o Código da Propriedade Industrial, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1971. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5772.htm. Acesso em: 9 jan. 2023.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Decreto no 635, de 21 de agosto de 1992. Promulga a Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial, revista em Estocolmo a 14 de julho de 1967. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 ago. 1992. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990 1994/d0635.htm#:~:text=DECRETO%20No%20635%2C%20DE,14%20de%20julho%20de%201967. Acesso em: 5 jan. 2023.
BRASIL. Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994. Promulgo a Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do GATT. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 dez. 1994. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/backup/legislacao-1/27-trips-portugues1.pdf. Acesso em: 5 jan. 2023.
BRASIL. Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 maio 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.279%2C%20DE%2014,obriga%C3%A7%C3%B5es%20relativos%20%C3%A0%20propriedade%20industrial.&text=Art.,obriga%C3%A7%C3%B5es%20relativos%20%C3%A0%20propriedade%20industrial.&text=V%20%2D%20repress%C3%A3o%20%C3%A0%20concorr%C3%AAncia%20desleal. Acesso em: 5 jan. 2023.
BRASIL. Lei no 11.335, de 19 de outubro de 2006. Dispõe sobre a criação de várias carreiras de entidades públicas federais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 outubro 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/L11355compilado.htm. Acesso em: 2 nov. 2023.
BRASIL. Resolução no 119, de 12 de novembro de 2013. Estabelece Filas de Exame para os Pedidos de Registro de Marcas Coletivas e de Marcas de Certificação. Revista da Propriedade Industrial, Brasília, DF, 12 nov. 2013. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/resolucao_119_2013_de_12_11_2013.pdf. Acesso em: 6 jan. 2023.
BRASIL. Parecer no 0033/2016-AGU/PGF/PFE/INPI/COOPI. Legitimidade do requerente da marca de certificação. Advocacia Geral da União, Brasília, DF, 25 jul. 2016a. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/Parecern00332016_AGU_PGF_PFE_INPI_COOPE_LBC1.0.pdf. Acesso em: 9 jan. 2023.
BRASIL. Instrução Normativa no 59, de 25 de agosto de 2016. Dispõe sobre o pedido de registro da marca de certificação. Revista da Propriedade Industrial, Brasília, DF, 25 ago. 2016b. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/copy_of_IN_592016certificacao.pdf. Acesso em: 9 jan. 2023.
BRASIL. Decreto no 10.139 de 28 de novembro de 2019. Dispõe sobre a revisão e a consolidação dos atos normativos inferiores a decreto. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 nov. 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.139-de-28-de-novembro-de-2019-230458659. Acesso em: 9 jan. 2023.
BRASIL. Portaria INPI/PR no 04, de 12 de janeiro de 2022. Estabelece as condições para o registro das Indicações Geográficas, dispõe sobre a recepção e o processamento de pedidos e petições e sobre o Manual de Indicações Geográficas. SEI/INPI, Brasília, DF, 12 jan. 2022a. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-geograficas/arquivos/legislacao-ig/PORT_INPI_PR_04_2022.pdf. Acesso em: 08 jan. 2023.
BRASIL. Portaria INPI/PR no 08, de 17 de janeiro de 2022. Dispõe sobre a recepção e o processamento de pedidos e petições de marca e sobre o Manual de Marcas. SEI/INPI, Brasília, DF, 17 jan. 2022b. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/legislacao/PORT_INPI_PR_08_2022.pdf. Acesso em: 5 jan. 2023.
BRUCH, Kelly Lissandra; BRANDÃO, Cláudio Genrke. Marcas de certificação. In: BRUCH, Kelly Lissandra; PIEROZAN, Felipe (Org.). Guia prático de propriedade intelectual da CEPI – OAB/RS. Porto Alegre: OABRS, 2023.
EMERENCIANO, Adauto; PAULA, Bruno Costa de. Marcas: Um direito constitucional de propriedade. ICAMP, 2019. Disponível em: https://www.icamp.com.br/2019/02/22/marcas-um-direito-constitucional-de-propriedade/. Acesso em: 9 jan. 2023.
FIGUEIREDO, Natália de Lima. Poder da Marca: interações entre direito antitruste e direito industrial. 2014. 220 f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. A criação de uma marca: uma introdução às marcas de produtos e serviços para as pequenas e médias empresas. Série: a Propriedade Intelectual e as Atividades Empresariais. Rio de Janeiro: INPI, 2013.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Revista da Propriedade Industrial no 2380, de 16 de agosto de 2016. INPI, 2016. Disponível em: http://revistas.inpi.gov.br/rpi/. Acesso em: 29 mar. 2023.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Notas Explicativas. INPI, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/arquivos/classificacao_de_marcas/INPIBRNCL112022NotasExplicativas20211231.pdf. Acesso em: 26 jan. 2023.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Manual de Marcas. 3. ed. Rio de Janeiro: INPI, 2019. Disponível em: http://manualdemarcas.inpi.gov.br/. Acesso em: 25 jan. 2023.
INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Classificação de produtos e serviços. Ministério do Desenvolvimento, Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/marcas/classificacao-marcas. Acesso em: 25 jan. 2023.
LAI, Jessica C. Hijacking Consumer Trust Systems: of self-declared watchdogs and certification trademarks. Max Planck Institute for Innovation and Competition, Munich, CII 52, p. 34-61, 2021. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s40319-020-00997-w. Acesso em: 25 jan. 2023.
MARTINS, Igor Schumann Seabra. Titularidade, documentos de controle e causas específicas de extinção das marcas coletivas e de certificação na União Europeia e no Brasil. 2020. 230 f. Dissertação (Mestrado em Propriedade Intelectual e Inovação) – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, Rio de Janeiro, 2020.
PINHEIRO-MACHADO, Rita. Prefácio. In: SANTOS, Wagna Piler Carvalho dos. (org.). Conceitos e aplicações de propriedade intelectual. Salvador: IFBA, 2018. v. 1. p. 180-182. Disponível em: https://profnit.org.br/wp content/uploads/2021/08/PROFNIT-Serie-Conceitos-e-Aplica%E2%80%A1aes-de-Propriedade-Intelectual-Volume-I.pdf. Acesso em: 18 mar. 2023.
SILVA, Diego Souza; BITTENCOURT, Euclides Santos; SILVA; Marcelo de Santana; PEREIRA, Aliger dos Santos; RIBEIRO, Núbia Moura; BONELLI, Francesco. Políticas públicas vinculadas às marcas de certificação: a importância na rotulagem de alimentos. Open Science Research VII, [s. l.], v. 7, p. 822-834, 2022. Disponível em: https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/221010677.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.
SILVEIRA, Newton. Estudos e Pareceres de Propriedade Intelectual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
SONG, X. The role played by the regime of collective and certification marks in the protection of geographical indications – Comparative study of law and practice in France, the EU and China. The Journal of World Intellectual Property, [s. l.], v. 21, p. 437-457, 2018. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/jwip.12111. Acesso em: 25 jan. 2023.
WORLD INTELLECTUAL PROPERTY ORGANIZATION. Criando uma marca: uma introdução às marcas para pequenas e médias empresas. Genebra: WIPO, 2019. Disponível em: https://www.wipo.int/edocs/pubdocs/pt/wipo_pub_900_1.pdf. Acesso em: 6 jan. 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Priscila Grazielle Flôr, André Xavier Foster, Rejane Sartori, João Paulo Marin
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à RDDA o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (referência à RDDA).
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).