A Lei 10.639/2003 e o Documento Curricular de Goiás desafios para um ensino antirracista
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.188128Palavras-chave:
Cultura afro-brasileira, Formação docente, IdentidadeResumo
A lei 10.369/2003 determina a obrigatoriedade do ensino sobre história e cultura afro-brasileira em todas as instituições escolares brasileiras. Após quase 20 anos de sua publicação, a lei ainda é um desafio para as escolas e professores. Diante disso, esse trabalho tem como objetivo verificar a presença da referida lei no Documento Curricular de Goiás (DCGO). A metodologia está embasada em autores que discutem racismo e educação antirracista, bem como em análises no DCGO e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a fim de compreender como a lei 10.639/2003 pode ser abordada nas competências específicas tanto das áreas de conhecimento quanto das componentes curriculares. A partir dos resultados, evidencia-se que a temática central da lei é abordada apenas em disciplinas como Geografia, História e Língua Inglesa. Nas demais componentes curriculares, esse assunto ou não é abordado ou o é de forma indireta, o que pressupõe que as práticas oportunizadas para valorização da cultura afro-brasileira se resumem a experiências isoladas centradas em datas específicas. Assim, corroborando que a escola, de forma geral, apresenta o mundo do ponto de vista da branquitude. A desconstrução desse viés deve ser constante, com vigilância e práticas cotidianas que visem a eliminação de termos e atitudes racistas, bem como a superação da invisibilidade negra. É nesse contexto que a lei deveria garantir a abordagem da cultura negra além dos estereótipos.
Downloads
Referências
ANDRADE, I. P. de. Construindo a autoestima da criança negra. In: MUNANGA, K. (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. p. 117-124
BEZERRA, J. de O. A educação em direitos humanos no contexto das relações étnico-raciais: desafios e perspectivas no encontro com a pedagogia freireana. 2017. 153 f. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos) – Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf Acesso em 25 out. 2020
BRASIL. Edital de convocação XX/201X. [Processo de aquisição de obras didáticas no âmbito do PNLD.]. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2020. 37 p. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/165-editais?download=10523:minuta-edital-pnld-2019 Acesso em 13 nov. 2020
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm Acesso em 12 ago. 2020
FARIAS, M. do N. As representações dos negros nos livros escolares utilizados em Mato Grosso na Primeira República (1889–1930). 2009. 177 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
GOIÁS. Conselho Estadual de Educação. Resolução 08, de 06 de dezembro de 2018. Aprova o Documento Curricular da Educação Infantil e Ensino Fundamental para o sistema educativo de Goiás. Goiânia: CEE, 2018. Disponível em: https://cee.go.gov.br/wp-content/uploads/2019/08/Documento-Curricular-para-Goi%C3%A1s.pdf Acesso em: 10 set. 2020
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001.
MOURA, G. O direito à diferença. In: MUNANGA, K. (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. p. 69-82
OLIVEIRA, I. R. Construções de identidades de gênero, raça e classe em livros didáticos de História do Ensino Médio. 2019. 120 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SILVA, A. L. da.; SILVA, C. da. A Base Nacional Comum Curricular e a Educação Étnico-Racial na promoção de uma educação antirracista. Rev. Eletrônica Pesquiseduca. Santos, v.13, n. 30, p. 553-570, maio-ago. 2021
SOUZA, L. F. de.; SANTOS, C. da C. R. A Geografia escolar e o ensino das relações étnico-raciais: apontamentos a partir do Currículo Referência do estado de Goiás. Revista da ABPN, v. 12, n. Ed. Especial – Caderno Temático: “Geografias Negras”, abril de 2020, p. 273-291
SOUZA, C. de F. de S. A representação étnico-racial do segmento social negro: livros didáticos de História. 2006. 114 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de Sorocaba, Sorocaba.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Rosiane Correa Guimarães

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution BY-NC-SA que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. A licença adotada enquadra-se no padrão CC-BY-NC-SA.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).