Jards Macalé: desafinando coros em tempos sombrios
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i87p156-171Palavras-chave:
canção, censura, indústria cultural, contraculturaResumo
Este artigo analisa a produção do compositor popular e intérprete Jards Macalé, no período compreendido entre 1969 e 1972. Reconhecido pela crítica por práticas criativas, ousadas e transgressoras, Macalé atuou junto aos tropicalistas e ganhou o rótulo de cancionista maldito, especialmente após sua participação, com a música "Gotham City", no IV Festival Internacional da Canção realizado pela TV Globo, em 1969. A produção de Macalé, durante esses anos, se deu num contexto marcado pelo enrijecimento do regime ditatorial militar no Brasil, culminando na forte repressão política; pela intensificação da censura sobre as produções artísticas e culturais; pelo rápido desenvolvimento e racionalização da indústria cultural; e pelo esgotamento das vanguardas artísticas. Pretende-se verificar até que ponto a obra de Macalé, concebida nesses anos, foi capaz de tensionar e até mesmo transgredir determinados padrões estéticos que se institucionalizavam no âmbito da música popular brasileira.
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