Cardiotoxicidade por cocaína e disfunção ventricular em paciente jovem
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v53i4p464-467Palavras-chave:
Disfunção Ventricular, Insuficiência Cardíaca, Cardiotoxicidade, CocaínaResumo
O uso de substâncias psicoativas pode induzir complicações cardiovasculares. O objetivo deste relato é descrever o caso de um paciente jovem com cardiomiopatia dilatada secundária ao uso de cocaína. Paciente com dispneia há seis meses, com piora progressiva, dispneia paroxística noturna, ortopneia e edema de membros inferiores. Ao exame físico apresentava taquicardia (110 bpm), com demais sinais vitais sem alterações, presença de estertores crepitantes em bases e campos médios, ascite de moderado volume e edema importante de membros inferiores. No eletrocardiograma, apresentava ritmo sinusal com sobrecarga de câmaras esquerdas; na radiografia de tórax, apenas cardiomegalia acentuada. O ecocardiograma evidenciou fração de ejeção (FE) do ventrículo esquerdo (VE) reduzida (7%), aumento de átrio esquerdo e ventrículo direito (VD), com hipertrofia excêntrica e disfunção sistólica acentuada do VE, com disfunção moderada do VD e hipertensão pulmonar (39 mmHg). Na ressonância, apresentou dilatação discreta do átrio direito, VD com dilatação importante, disfunção sistólica biventricular importante, com hipocinesia difusa (FE 8% de VD), além de fibrose miocárdica de padrão não coronariano inferosseptal. O caso relatado evidencia um diagnóstico cujo mecanismo fisiopatológico da cardiomiopatia dilatada não está claro. A associação mais coerente da cardiomiopatia dilatada apresentada pelo paciente está relacionada ao uso abusivo de cocaína, devido ao estímulo recorrente e de longa duração que o excesso de catecolaminas provocou no miocárdio. Tendo em vista o espectro de cardiomiopatia, infarto e arritmias que potencialmente podem ocorrer associados ao uso de cocaína, deve-se considerar a hipótese de cardiotoxicidade na avaliação de paciente com história de abuso de cocaína.
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