Seletividade alimentar e o papel da escola: crianças que frequentam regularmente a escola apresentam maior repertório alimentar?
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2021.172886Palavras-chave:
Seletividade alimentar, Alimentação infantil, Dificuldades alimentaresResumo
Objetivo: Comparar o número de alimentos aceitos por crianças de 0 a 5 anos com seletividade alimentar que frequentam ou não a escola. Métodos: Estudo observacional retrospectivo, com dados de 94 crianças de 0 a 5 anos diagnosticadas com seletividade alimentar atendidas em um centro de referência. O diagnóstico do paciente é baseado na classificação de Kerzner e o repertório alimentar foi avaliado por meio do inventário alimentar. A frequência da criança à escola ou não foi autorreferida pelo responsável da criança. Para os testes de diferenças utilizou-se o qui-quadrado e o T de student, dependendo da natureza da variável. Para todas as análises, considerou-se nível de significância menor que 5%. Resultados: No presente estudo, a maioria das crianças era do sexo masculino (64,9%), com mais de 2 anos (78,7%), eutrófica de acordo com IMC para idade (86,0%), seletivo regular (77,7%) e sem doença orgânica associada (63,7%). O número médio de alimentos aceitos pela amostra foi de 19,2±7,7 alimentos. Em relação a frequentar a escola ou não, 67,0% frequenta a escola regularmente. Apesar de haver valor médio menor de alimentos quando não se frequenta a escola (17,8±7,3 vs 20,8±7,8, quando frequenta), não houve diferença estatisticamente significativa (p=0,074). De modo geral, foram encontradas médias maiores quando há a frequência na escola. Crianças com risco de sobrepeso/sobrepesas ou que foram amamentadas exclusivamente até os 6 meses e que frequentam a escola apresentam maior média de alimentos aceitos quando comparadas às que não frequentam (p=0,002 e p=0,046, respectivamente). Conclusão: Crianças altamente seletivas vão menos à escola do que os seletivos regulares. Crianças com risco de sobrepeso e sobrepesas que não frequentam a escola apresentam seletividade mais severa.
Downloads
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. 2Ed. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2015. 184p.
Raulio S, Roos E, Prättälä R. School and workplace meals promote healthy food habits. Public Health Nutrition. 2010;13(6A):987-992.
Casey R, Rozin P. Changing children’s food preferences: parent opinions. Appetite. 1989;12:171-182.
Rawlins E. Choosing Health? Exploring Children’s Eating Practices at Home and at School. Antipode. 2009;41(5):1084-1109.
Sperandio N, Priore SE. Inquéritos antropométricos e alimentares na população brasileira: importante fonte de dados para o desenvolvimento de pesquisas. Ciência & Saúde Coletiva. 2017; 22(2):499-508.
Ulin PR, Robbison ET, Tolley EE. Investigación aplicada en salud pública: métodos cualitativos. Washington: OPAS/OMS; 2006.
Hursti UKK. Factors influencing children’s food choice. Annals of Medicine. 1999;31(1):26-32.
Hendy HM, Raudenbush B. Effectiveness of teacher modeling to encourage food acceptance in preschool children. Appetite. 2000;34:61-76.
Kerzner B, Milano K, MacLean WC Jr, Berall G, Stuart S, Chatoor I. A Practical Approach to Classifying and Managing Feeding Difficulties. Pediatrics. 2015;135(2):344-353.
Kerzner, B. Clinical Investigation of Feeding Difficulties in Young Children: A Practical Approach. Clin Pediatr (Phila). 2009;48(1):960-5.
Maranhão HS, Aguiara RC, Liraa DTJ, Salesa MUF, Nóbrega NAN. Feeding difficulties in preschool children, previous feeding practices, and nutritional status. Rev Paul Pediatr. 2018;36(1):45-51.
Cole NC, An R, Lee SY, Donovan SM. Correlates of picky eating and food neophobia in young children: a systematic review and meta-analysis. Nutr Rev. 2017;75(7):516-532.
Delormier R, Frohlich KL, Potvin L. Food and eating as social practice – understanding eating patterns as social phenomena and implications for public health. Sociology of Health & Illness. 2009;31(2):215-228.
Bandura A. Self-efficacy: the exercise of control. NY: Freeman & Company. 1997. 604p.
Viana V, Santos PL, Guimaraes MJ. Comportamento e hábitos alimentares em crianças e jovens: Uma revisão da literatura. Psic., Saúde & Doenças. 2008;9(2):209-231.
Cervato-Mancuso AM, Westphal MF, Araki EL, Bógus CM. O papel da alimentação escolar na formação dos hábitos alimentares. Rev Paul Pediatr. 2013;31(3):324-330.
Sacchetti R, Dallolio L, Musti MA, Guberti E, Garulli A, Beltrami P et al. Effects of a school based intervention to promote healthy habits in children 8-11 years old, living in the lowland area of Bologna Local Health Unit. Ann Ig. 2015;27:432-446.
McEvoy CT, Lawton J, Kee F, Young IS, Woodside JV, McBratney J. Adolescents’ view about a proposed rewards intervention to promote healthy food choice in secondary school canteens. Health Education Research. 2014;29(5):799-811.
Maximino P, Machado RHV, Junqueira P, Ciari M, Tosatti AM, Ramos CdC, et al. How to monitor children with feeding difficulties in a multidisciplinary scope? Multidisciplinary care protocol for children and adolescents. J Hum Growth Dev. 2016;26(3):327.
Ribeiro LW, Ricci R, Maximino P, Machado RHV, Bozzini AB, Claudia CR, et al. Clinical use of a food inventory to identify maternal underreport on children’s food intake: experience of a reference center in Brazil. Nutr. Clín. Diet. Hosp. 2018;38(1):81-89.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. Avaliação Nutricional da Criança e do Adolescente: Manual de Orientação. Rio de Janeiro. 2009, p.45.
Schmitz BAS, Recine E, Cardoso GT, da SILVA JRM, Amorim FA, Bernardon R, et al. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina escolar. Cadernos de Saúde Pública. 2008;24(2): 312-322.
Burke L. Healthy eating in the school environment – a holistic approach. International Journal of Consumer Studies. 2002;26(2):159-163.
Raulio S, Pietikäinen M, Prättälä R. Ruokapalveluiden seurantaraportti 2: Suomalaisnuorten kouluaikainen ateriointi (Food Services Monitoring Report 2: Finnish youth school meals). Helsinki: National Public Health Institute. 2007.
Staiano AE, Marker AM, Frelier JM, Hsia DS, Martin CK. Influence of Screen-Based Peer Modeling on Preschool Children’s Vegetable Consumption and Preferences. J Nutr Educ Behav. 2016;48(5):331–335.
Birch LL. Effects of Peer Models’ Food Choices and Eating Behaviors on Preschoolers’ Food Preferences. Child Development. 1980;51(2):489-496.
Horne PJ, Tapper K, Lowe CF, Hardman CA, Jackson MA, Woolner J. Increasing children's fruit and vegetable consumption: a peer-modelling and rewards-based intervention. Eur J Clin Nutr. 2004;58(12):1649-1660.
Morris JG, Gorely T, Sedgwick MJ, Nevill A, Nevill ME. Effect of the great activity programme on healthy lifestyle behaviours in 7-11 years old. J Sport Sci. 2013;31(12):1280-1293.
Waters E, de Silva-Sanigorski A, Hall BJ, Brown T, Campbell KJ, Gao Y et al. Interventions for preventing obesity in children. Cochrane Database Syst Rev. 2011;12:CD001871.
Camozzi ABQ, Monego ET, Menezes IHCF, Silva PO. Promoção na Alimentação Saudável na Escola: realidade ou utopia?. Cad. Saúde Colet. 2015;23(1):32-37.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamentos de Promoção da Saúde. Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 2019: 265 p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2014: 165 p.
Gaglianone CP, Taddei JAAC, Colugnati FAB, Magalhães CG, Davanço GM, de Macedo L, et al. Nutrition education in public elementary schools of São Paulo, Brazil: the Reducing Risks of Illness and Death in Adulthood project. Revista de Nutrição. 2006;19(3): 309-320.
Brasil. Lei nº 13.666/2018, de 17 de maio de 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13666.htm. Acesso em 1 de abril de 2020.
Kupolati MD, Gericke GJ, Macintyre UE. Teachers' perceptions of school nutrition education's influence on eating behaviours of learners in the Bronkhorstspruit District. S. Afr. J. Educ. 2015;35(2):1-10.
Birch LL. A call for the explicit recognition of affect in models of human eating behavior. J Nutr Educ. 1981;13:49-53.
Brown K, Mellveen H, Strugnell C. Young consumers’ food preference within selected sectors of the hospitality sprectrum. Journal of Consumer Studies and Home Economics. 2000;24(2):104-112.
Carter RC. The Impact of Public Schools on Childhood Obesity. JAMA. 2002;288(17):2180.
Kim HS, Park J, Ma Y, Im M. What Are the Barriers at Home and School to Healthy Eating?: Overweight/Obese Child and Parent Perspectives. Journal of Nursing Research. 2019;27(5):e48.
De Cosmi V, Scaglioni S, Agostoni C. Early taste experiences and later food choices. Nutrients. 2017;9(2):107.
Dunn RL, Lessen R. The Influence of Human Milk on Flavor and Food Preferences. Current Nutrition Reports. 2017;6(1):134–140.
Taylor CM, Emmett PM. Picky eating in children: causes and consequences. Proceedings of the Nutrition Society. 2019;78(2):161-169.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Mariana Correia Stevenson Braga, Luana Romão Nogueira, Arissa Matsuyama Okuizumi, Nilvane Oliveira Rocha, Andrea Romero de Almeida, Priscila Maximino, Mauro Fisberg

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.