Uso de psicofármacos sem prescrição médica entre acadêmicos de medicina e odontologia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.198464

Palavras-chave:

Psicotrópicos, Estudantes, Educação Superior, Automedicação

Resumo

Introdução: Psicofármacos são compostos que agem sobre o sistema nervoso central modificando as funções psíquicas, produzindo alterações no comportamento, humor e cognição. A sua utilização tem crescido nas últimas décadas e a administração sem prescrição médica é muito comum. Objetivo: Objetivou-se conhecer o perfil de acadêmicos dos cursos de medicina e odontologia que fazem uso de psicofármacos sem orientação médica, identificar quais medicamentos são mais utilizados, compreender os motivos que os levam ao uso e analisar a percepção que esses têm sobre os riscos do uso e seus impactos no desempenho acadêmico. Método: Estudo transversal misto, com a utilização de triangulação intermétodos, realizada com acadêmicos regularmente matriculados nos cursos de medicina e odontologia de duas universidades, uma pública e outra privada. A produção das informações aconteceu por meio de duas etapas distintas: a primeira consistiu em um questionário estruturado, utilizado como forma de triagem para a etapa seguinte, realizada na forma de entrevistas. O material produzido pelas entrevistas foi transcrito em sua íntegra e analisado. Resultados: A prática da automedicação é comum e banalizada entre os estudantes de medicina e odontologia entrevistados; existe uma facilidade de acesso a diferentes psicofármacos; as percepções em relação aos benefícios e prejuízos do uso são distorcidas com falsa percepção dos riscos. O desempenho acadêmico e sentimento de autocobrança foram os principais motivos mantenedores e reforçadores do uso, o conhecimento foi superficial em relação às substâncias. No estudo, a maioria dos acadêmicos fazia uso concomitante e prejudicial de outras substâncias e apresentavam resistência em procurar ajuda. Conclusão: É preciso aprofundar o conhecimento sobre o consumo indiscriminado de psicofármacos entre universitários, principalmente porque serão futuros profissionais da saúde, gerando uma reflexão sobre os riscos da automedicação em sua vida pessoal, social e em sua futura atuação profissional.

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Biografia do Autor

  • Plúvia Cristalina de Góis e Melo, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Mestre em Pesquisa em Saúde.

  • Aída Felisbela Leite Lessa Araújo, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Mestre em Pesquisa em Saúde.

  • Maria Clara Santos de Oliveira, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Médica.

  • Giovanna Leite Araujo, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Médica.

  • John Victor dos Santos Silva, Universidade de São Paulo, (SP), Brasil

    Doutorando em Ciências.

  • Claudio José dos Santos Júnior, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, (AL), Brasil

    Doutorando em Ciências.

  • Aleska Dias Vanderlei, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Doutora em Odontologia Restauradora.

  • Mara Cristina Ribeiro, Centro Universitário Cesmac, Maceió, (AL), Brasil

    Doutora em Ciências 

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Publicado

2024-12-27

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Melo PC de G e, Araújo AFLL, Oliveira MCS de, Araujo GL, Silva JV dos S, Santos Júnior CJ dos, et al. Uso de psicofármacos sem prescrição médica entre acadêmicos de medicina e odontologia. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 27º de dezembro de 2024 [citado 12º de março de 2025];57(3):e-198464. Disponível em: https://periodicos.usp.br/rmrp/article/view/198464