Transição do cuidado de pacientes com Covid-19 do hospital para outros pontos da rede de atenção: contribuições da gestão da clínica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.215924Palavras-chave:
Cuidado transicional, Atenção centrada no paciente, Alta do paciente, Continuidade da assistência ao paciente, Covid-19Resumo
A transição do cuidado da atenção hospitalar para outros pontos da rede de atenção à saúde constitui desafio à gestão em saúde na contemporaneidade, pois, a depender do modo como ocorre, pode influenciar na experiência do paciente, bem como na qualidade, segurança e efetividade do cuidado. Do ponto de vista da gestão da clínica, modelo que orienta-se por evidências científicas e constitui-se em tecnologias de microgestão que visam atenção à saúde de qualidade, esta transição deve ser centrada na pessoa usuária dos serviços e em suas demandas de saúde, objetivando melhores resultados e integralidade do cuidado. Entretanto, em contextos pandêmicos, a transição do cuidado pode ser comprometida, sendo importante e necessário reconhecê-la, no sentido de propor mecanismos de gestão da clínica potencializadores de uma transição efetiva. Objetivo: avaliar a transição de cuidado de pacientes pós-Covid-19, do hospital para outros pontos da rede de atenção à saúde, à luz da gestão da clínica. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 29 pacientes, abordados após alta de um hospital público federal do centro-oeste brasileiro. Utilizou-se um instrumento para caracterização sociodemográfica, um outro contendo informações da internação e estado clínico, bem como para avaliação da qualidade e experiência dos pacientes na transição do cuidado realizou-se o preenchimento do instrumento Care Transitions Measure (CTM-15). Resultados: A transição de cuidados do paciente, de serviços hospitalares para outros pontos da rede de atenção, apresentou-se satisfatória no contexto investigado, apresentando pontuação média de 74,7. Dentre os fatores avaliados, o relacionado ao preparo para a alta foi o de maior pontuação enquanto que o relacionado ao plano de cuidado o menor. Houve associação significativa entre os fatores do CTM-15 com idade, renda e dias de internação em UTI. Conclusão: Na perspectiva da gestão da clínica, a transição efetiva faz-se pela formulação e desenvolvimento de estratégias e processos que permitem dar respostas satisfatórias às diferentes demandas relacionadas ao cuidado transicional, o que equivale a implementar soluções estruturais e processuais de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial, centradas no indivíduo e em sua família, por todo o contínuo da atenção. O estudo aponta para a necessidade e importância do envolvimento entre os diversos
atores envolvidos na produção de cuidados, na construção de planos de cuidados que considerem os saberes e potencialidades para assegurar a continuidade e efetividade do cuidado.
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