Aspectos epidemiológicos da infecção pelo HIV e da aids entre povos indígenas
DOI:
https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000362Palavras-chave:
Saúde de Populações Indígenas, Infecções por HIV, epidemiologia, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, epidemiologia, Soroprevalência de HIV, tendências, Sorodiagnóstico da AIDS, tendênciasResumo
OBJETIVO: Descrever os aspectos epidemiológicos da infecção pelo HIV e da aids entre povos indígenas do Mato Grosso do Sul. MÉTODOS: Estudo epidemiológico descritivo sobre ocorrência e distribuição da infecção pelo HIV e aids na população indígena assistida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Mato Grosso do Sul, entre 2001 e 2014, a partir de três bases de dados secundários. Calcularam-se as taxas anuais de detecção e de prevalência de HIV e aids, com distribuição dos casos segundo aldeia, Polo Base e variáveis sociodemográficas. As taxas acumuladas de detecção, mortalidade e letalidade foram calculadas por etnia e para os Polos Base com o maior número de casos. RESULTADOS: A taxa de detecção de HIV flutuou entre 0,0 e 18,0/100 mil pessoas no período. Para a aids, não houve notificação antes de 2007, mas em 2012 sua taxa chegou a 16,6/100 mil. A prevalência de HIV indicou crescimento entre 2001 e 2011, e para a aids observou-se aumento contínuo a partir de 2007. As maiores taxas de detecção de HIV ocorreram entre os Guarani (167,1/100 mil) e de aids, entre os Kaiowá (79,3/100 mil); as taxas de mortalidade e letalidade foram superiores entre os Kaiowá. Para o Polo Base de Dourados, observou-se elevação da taxa de detecção de aids e diminuição das taxas de mortalidade e letalidade. CONCLUSÕES: A infecção pelo HIV e a aids mostraram-se crescentes entre povos indígenas, com distribuição da doença principalmente nos Polos Base da região sul do estado, onde observa-se também maior vulnerabilidade econômica e social. O caráter endêmico do HIV e da aids pode se tornar epidêmico em alguns anos, considerando a existência de casos em outras aldeias do estado. Sua ocorrência entre os Guarani e Kaiowá sinaliza a necessidade de ampliação do diagnóstico, do acesso ao tratamento e de medidas de prevenção.