Fragilidade em idosos comunitários

comparando instrumentos de triagem

Autores

  • Jair Almeida Carneiro Universidade Estadual de Montes Claros
  • Andressa Samantha Oliveira Souza Universidade Estadual de Montes Claros
  • Luciana Colares Maia Universidade Estadual de Montes Claros
  • Fernanda Marques da Costa Universidade Estadual de Montes Claros
  • Edgar Nunes de Moraes Universidade Federal de Minas Gerais
  • Antônio Prates Caldeira Universidade Estadual de Montes Claros

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002114

Palavras-chave:

Idoso, Fragilidade, Epidemiologia, Reprodutibilidade dos Testes, Fatores de Risco, Inquéritos Epidemiológicos, Instrumentação

Resumo

OBJETIVO: Comparar os instrumentos Edmonton Frail Scale (EFS) e Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20) quanto ao grau de concordância e de correlação, bem como comparar modelos descritivos com variáveis associadas à fragilidade em idosos brasileiros comunitários. MÉTODOS: Estudo transversal, aninhado a uma coorte de base populacional e domiciliar. A amostragem na linha de base foi probabilística, por conglomerados, em dois estágios. No primeiro, utilizou-se como unidade amostral o setor censitário. No segundo, definiu-se o número de domicílios segundo a densidade populacional de indivíduos com idade ≥ a 60 anos. A estatística Kappa analisou a concordância, e o coeficiente de Pearson avaliou a correlação entre os instrumentos. Os fatores associados à fragilidade e ao alto risco de vulnerabilidade clínicofuncional foram identificados por análise múltipla de regressão de Poisson com variância robusta. RESULTADOS: A estatística Kappa foi 0,599, e o coeficiente de correlação de Pearson foi de 0,755 (p < 0,001). A prevalência da fragilidade foi de 28,2% pela EFS, e a prevalência do alto risco de vulnerabilidade clínico-funcional foi de 19,5% pelo IVCF-20. As variáveis associadas à fragilidade, após análise múltipla, em ambos os instrumentos, foram: idade igual ou superior a 80 anos, histórico de acidente vascular encefálico, polifarmácia, autopercepção negativa de saúde, queda nos últimos 12 meses e internação nos últimos 12 meses. Escolaridade inferior a quatro anos, doença osteoarticular e perda de peso foram associadas a fragilidade apenas pela EFS, enquanto possuir cuidador esteve associado a alto risco de vulnerabilidade clínicofuncional somente pelo IVCF-20. CONCLUSÕES: Embora as análises revelem concordância moderada e forte correlação positiva entre os instrumentos, a prevalência de fragilidade apontada é discrepante. O resultado destaca a necessidade de padronizar o instrumento para aferir a fragilidade em idosos comunitários.

Biografia do Autor

  • Jair Almeida Carneiro, Universidade Estadual de Montes Claros

    Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva. Montes Claros, MG, Brasil

  • Andressa Samantha Oliveira Souza, Universidade Estadual de Montes Claros

    Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Montes Claros, MG, Brasil

  • Luciana Colares Maia, Universidade Estadual de Montes Claros

    Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Clínica Médica. Montes Claros, MG, Brasil

  • Fernanda Marques da Costa, Universidade Estadual de Montes Claros

    Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de
    Enfermagem. Montes Claros, MG, Brasil

  • Edgar Nunes de Moraes, Universidade Federal de Minas Gerais

    Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Departamento de Clínica Médica. Belo
    Horizonte, MG, Brasil

  • Antônio Prates Caldeira, Universidade Estadual de Montes Claros

    Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Departamento de Saúde da Mulher e da Criança. Montes Claros, MG, Brasil

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Publicado

2020-12-15

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Carneiro, J. A., Souza, A. S. O., Maia, L. C., Costa, F. M. da, Moraes, E. N. de, & Caldeira, A. P. (2020). Fragilidade em idosos comunitários: comparando instrumentos de triagem. Revista De Saúde Pública, 54, 119. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002114