Consumo de alimentos ultraprocessados por crianças de uma Coorte de Nascimentos de Pelotas
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003822Palavras-chave:
Nutrição do Lactente, Alimentos Infantis, Alimentos Industrializados, Desenvolvimento Infantil, Estudos de CoortesResumo
OBJETIVO Avaliar o consumo habitual de alimentos ultraprocessados aos 24 meses de idade por crianças pertencentes à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015 e os principais fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais relacionados ao consumo desses produtos. MÉTODOS Coorte de base populacional na cidade de Pelotas-RS, onde foram avaliadas 4.275 crianças ao nascimento, das quais 95,4% foram acompanhadas até os 24 meses. O consumo alimentar foi avaliado por meio de um questionário de consumo habitual de alimentos ultraprocessados, coletando informações sobre sexo, renda familiar, cor da pele, escolaridade e idade da mãe, frequentar creche, ter irmãos, status de amamentação e obesidade. O desfecho foi a somatória de alimentos ultraprocessados consumidos habitualmente pela criança. Análise multivariada por regressão de Poisson foi utilizada para estimar a associação entre consumo habitual de alimentos ultraprocessados e as variáveis de exposição. RESULTADOS O número médio de alimentos ultraprocessados consumidos habitualmente foi de 4,8 (DP = 2,3). O consumo habitual de alimentos ultraprocessados foi associado positivamente à cor da pele preta e ter irmãos e negativamente associado com renda familiar, escolaridade e idade materna. CONCLUSÕES A média de consumo habitual de alimentos ultraprocessados por crianças pertencentes à Coorte de Nascimentos de 2015 da cidade de Pelotas é elevada, o que pode causar um efeito negativo na dieta das crianças. O risco de consumo desses alimentos foi maior entre crianças de famílias de menor posição socioeconômica, filhas de mães de baixa escolaridade, de cor da pele preta, mais jovens e de baixa renda.
Referências
Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IRR, Cannon G. Increasing consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health: evidence from Brazil. Public Health Nutr. 2010;14(1):5-13. https://doi.org/10.1017/S1368980010003241
Heitor SFD, Rodrigues LR, Santiago LB. Introdução de alimentos supérfluos no primeiro ano de vida e as repercussões nutricionais. Cienc Cuidado Saude. 2011;10(3):430-6. https://doi.org/10.4025/ciencuidsaude.v10i3.11347
Giesta JM, Zoche E, Corrêa RS, Bosa VL. Fatores associados à introdução precoce de alimentos ultraprocessados na alimentação de crianças menores de dois anos. Cienc Saude Colet. 2019;24(7):2387-97. https://doi.org/10.1590/1413-81232018247.24162017
Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac JC, Louzada ML, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019;22(5):936-41. https://doi.org/10.1017/S1368980018003762
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília, DF; 2019. 265 p.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020. 81 p.
Costa CS, Assunção MCF, Vaz JS, Rauber F, Bierhals IO, Matijasevich A, et al. Consumption of ultra-processed foods at 11, 22 and 30 years at the 2004, 1993 and 1982 Pelotas Birth Cohorts. Public Health Nutr. 2021;24(2):299-308. https://doi.org/10.1017/S1368980019004245
Relvas GRB, Buccini GS, Venancio SI. Ultra-processed food consumption among infants in primary health care in a city of the metropolitan region of São Paulo, Brazil. J Pediatr (Rio J). 2019;95(5):584-92. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.05.004
Karnopp EVN, Vaz JS, Schafer AA, Muniz LC, Souza RLV, Santos I, et al. Food consumption of children younger than 6 years according to the degree of food processing. J Pediatr (Rio J). 2017;93(1):70-8. https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.04.007
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atencão Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília, DF; 2015. (Cadernos de Atenção Básica; nº 23).
Hallal PC, Bertoldi AD, Domingues MR, Silveira MF, Demarco FF, Silva ICM, et al. Cohort Profile: The 2015 Pelotas (Brazil) Birth Cohort Study. Int J Epidemiol. 2018;47(4):1048-1048h. https://doi.org/10.1093/ije/dyx219
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atencão Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na Atenção Básica. Brasília, DF; 2015. 33 p.
Isidoro ACP, Braga CBM, Alves L, Trevisan MC, Luz SAB. Influência do marketing televisivo no comportamento alimentar de crianças: uma revisão integrativa da literatura. Ponta Grossa, PR: Atena; 2019. (Tópicos em Nutrição e Tecnologia de Alimentos; nº 2).
Monteiro CA, Cannon G, Lawrence M, Louzada MLC, Machado PP. Ultra-processed foods, diet quality, and health using the NOVA classification system. Rome: FAO; 2019.
Reid AE, Chauhan BF, Rabbani R, Lys J, Copstein L, Mann A, et al. Early exposure to nonnutritive sweeteners and long-term metabolic health: a systematic review. Pediatrics. 2016;137(3):e20153603. https://doi.org/10.1542/peds.2015-3603
Rossi A, Moreira EAM, Rauen MS. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família. Rev Nutr. 2008;21(6):739-48. https://doi.org/10.1590/S1415-52732008000600012
Canuto R, Fanton M, Lira PIC. Iniquidades sociais no consumo alimentar no Brasil: uma revisão crítica dos inquéritos nacionais. Cienc Saude Colet. 2019;24(9):3193-212. https://doi.org/10.1590/1413-81232018249.26202017
Claro RM, Maia EG, Costa BVL, Diniz DP. Preço dos alimentos no Brasil: prefira preparações culinárias a alimentos ultraprocessados. Cad Saude Publica. 2016;32(8):e00104715. https://doi.org/10.1590/0102-311X00104715
Monteiro CA, Cannon G, Moubarac JC, Levy RB, Louzada MLC, Jaime PC. The UN Decade of Nutrition, the NOVA food classification and the trouble with ultra-processing. Public Health Nutr. 2018;21(1):5-17. https://doi.org/10.1017/S1368980017000234
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (BR). Resolução CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da União. 18 jun 2013; Seção 1:7.
Camara S, Lauzon-Guillain B, Heude B, Charles MA, Botton J, Plancoulaine S, et al. Multidimensionality of the relationship between social status and dietary patterns in early childhood: longitudinal results from the French EDEN mother-child cohort. Int J Behav Nutr Phys Act. 2015;12(1):122. https://doi.org/10.1186/s12966-015-0285-2
Smithers LG, Brazionis L, Golley RK, Mittinty MN, Northstone K, Emmett P, et al. Associations between dietary patterns at 6 and 15 months of age and sociodemographic factors. Eur J Clin Nutr. 2012;66(6):658-66. https://doi.org/10.1038/ejcn.2011.219
Saldiva SRDM, Venancio SI, Santana AC, Castro ALS, Escuder MML, Giugliani ERJ. The consumption of unhealthy foods by Brazilian children is influenced by their mother’s educational level. Nutr J. 2014;13(1):33. https://doi.org/10.1186/1475-2891-13-33
Toloni MHA, Longo-Silva G, Goulart RMM, Taddei JAAC. Introdução de alimentos industrializados e de alimentos de uso tradicional na dieta de crianças de creches públicas no município de São Paulo. Rev Nutr. 2011;24(1):61-70. https://doi.org/10.1590/S1415-52732011000100006
Lopes WC, Pinho L, Caldeira AP, Lessa AC. Consumption of ultra-processed foods by children under 24 months of age and associated factors. Rev Paul Pediatr. 2020;38:e2018277. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2020/38/2018277
Torigoe CY, Asakura L, Sachs A, Silva CVD, Abrão ACFV, Santos GMS, et al. Influence of the nutritional intervention in complementary feeding practices in infants. J Human Growth Dev. 2012;22(1):85-92.
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 1.920, de 5 de setembro de 2013. Institui a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) – Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Diário Oficial da União. 6 set 2013; Seção 1:64.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Anna Müller Pereira, Romina Buffarini, Marlos Rodrigues Domingues, Fernando Celso Lopes Fernandes Barros, Mariângela Freitas da Silveira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Associação Brasileira de Saúde Coletiva
-
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
-
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
-
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento Código de financiamento 001