Risco frente ao HIV/Aids entre mulheres trabalhadoras do sexo que usam crack no sul do Brasil

Autores

  • Monica Malta Fundação Oswaldo Cruz
  • Simone Monteiro Fundação Oswaldo Cruz
  • Rosa Maria Jeronymo Lima Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu
  • Suzana Bauken Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu
  • Aliamar de Marco Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu
  • Gleisse Cristine Zuim Secretaria de Saúde de Foz do Iguaçu
  • Francisco Inacio Bastos Fundação Oswaldo Cruz
  • Merrill Singer University of Connecticut; Center for Health, Intervention and Prevention; Center for Health Communication and Marketing
  • Steffanie Anne Strathdee University of California; San Diego School of Medicine

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000500007

Palavras-chave:

Mulheres, Prostituição, Cocaína Crack, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde, Pesquisa Qualitativa

Resumo

OBJETIVO: Compreender o contexto social no qual estão inseridas trabalhadoras do sexo que usam crack e seu impacto na adoção de comportamentos de risco frente ao HIV/Aids. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo realizado em Foz do Iguaçu (PR), em 2003. Foram realizadas 26 entrevistas em profundidade e dois grupos focais com trabalhadoras do sexo que utilizam crack freqüentemente. Também foram realizadas entrevistas em profundidade com profissionais de saúde, líderes comunitários e gerentes de políticas públicas, além de observações de campo. Os dados transcritos foram codificados com auxílio do software Atlas.ti e a metodologia grounded theory (teoria fundamentada em dados) foi utilizada para analisar os dados e desenvolver um modelo conceitual como resultado do estudo. ANÁLISE DOS RESULTADOS: As trabalhadoras do sexo que utilizam crack apresentaram baixa autopercepção de risco frente ao HIV, apesar de estarem envolvidas em comportamentos de risco, como sexo desprotegido com múltiplos parceiros. Experiências de violência física e sexual com clientes, parceiros ocasionais e estáveis foram bastante freqüentes entre estas mulheres, prejudicando a negociação e o uso consistente de preservativos. Segundo profissionais de saúde, líderes comunitários e gerentes de políticas públicas, diversas trabalhadoras do sexo usuárias de crack, são moradoras de rua ou favelas, raramente acessam serviços de saúde, de aconselhamento e testagem anônimos, de apoio social e de saúde reprodutiva e pré-natal. CONCLUSÕES: As profissionais do sexo que utilizam crack vivenciam vários problemas sociais e de saúde que parecem influenciar o risco à infecção pelo HIV. Intervenções de limiar baixo, amigáveis e voltadas para questões de gênero devem ser implementadas objetivando facilitar o acesso a serviços de saúde e de apoio social nessa população. Tais iniciativas poderão também facilitar o acesso deste grupo a serviços voltados para saúde reprodutiva em geral e estratégias especificamente voltadas para prevenção do HIV/Aids e demais infecções sexualmente transmissíveis.

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Publicado

2008-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Malta, M., Monteiro, S., Lima, R. M. J., Bauken, S., Marco, A. de, Zuim, G. C., Bastos, F. I., Singer, M., & Strathdee, S. A. (2008). Risco frente ao HIV/Aids entre mulheres trabalhadoras do sexo que usam crack no sul do Brasil . Revista De Saúde Pública, 42(5), 830-837. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000500007