Prevalência e determinantes da desnutrição infantil no semiárido do Brasil

Autores

  • Luciano Lima Correia Universidade Federal do Ceará; Departamento de Saúde Comunitária
  • Anamaria Cavalcante e Silva Centro Universitário Christus
  • Jocileide Sales Campos Centro Universitário Christus
  • Francisca Maria de Oliveira Andrade Faculdade de Medicina do Juazeiro do Norte - Estácio
  • Márcia Maria Tavares Machado Universidade Federal do Ceará; Departamento de Saúde Comunitária
  • Ana Cristina Lindsay University of Massachusetts
  • Álvaro Jorge Madeiro Leite Universidade Federal do Ceará; Departamento de Saúde Comunitária
  • Hermano Alexandre Lima Rocha Universidade Federal do Ceará; Departamento de Saúde Comunitária
  • Antonio José Ledo Alves da Cunha Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004828

Resumo

OBJETIVO : Analisar tendências na prevalência e determinantes da desnutrição em crianças na região semiárida do Brasil. MÉTODOS : Foram analisados dados de duas pesquisas transversais domiciliares de base populacional que utilizaram a mesma metodologia. A amostragem por conglomerados foi utilizada para coletar os dados de 8.000 famílias, do estado do Ceará, Nordeste do Brasil, para os anos de 1987 e 2007. A desnutrição aguda foi calculada como peso/idade < -2 desvios padrão; nanismo como altura/idade < -2 desvios padrão; e emaciação como peso/altura < -2 desvios padrão. Os dados sobre os determinantes biológicos e sociodemográficos foram analisados por meio de análises multivariadas com base em um modelo teórico hierarquizado. RESULTADOS : Amostras de 4.513 e 1.533 crianças menores de três anos de idade, em 1987 e 2007, respectivamente, foram incluídas nas análises. A prevalência de desnutrição aguda foi reduzida em 60,0%, passando de 12,6% em 1987, para 4,7% em 2007, enquanto a prevalência de nanismo foi reduzida em 50,0%, passando de 27,0% em 1987 para 13,0% em 2007. A prevalência de emaciação teve pouca alteração no período. Em 1987, as características socioeconômicas e biológicas (renda familiar, escolaridade da mãe, disponibilidade de latrina e água potável, consulta médica e hospitalização da criança, idade, sexo e peso ao nascer) foram fatores significativamente associados à desnutrição, ao nanismo e à emaciação. Em 2007, os determinantes da desnutrição ficaram restritos às características biológicas (idade, sexo e peso ao nascer). Apenas uma característica socioeconômica, a disponibilidade de latrina, permaneceu significantemente associada ao nanismo. CONCLUSÕES : O desenvolvimento socioeconômico, além de intervenções de saúde, parecem ter efetivamente contribuído para a melhoria do estado nutricional das crianças. Peso ao nascer, especialmente o peso extremamente baixo (< 1.500 g), aparece como o fator de risco mais importante para a desnutrição na primeira infância.

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Publicado

2014-02-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Correia, L. L., Silva, A. C. e, Campos, J. S., Andrade, F. M. de O., Machado, M. M. T., Lindsay, A. C., Leite, Álvaro J. M., Rocha, H. A. L., & Cunha, A. J. L. A. da. (2014). Prevalência e determinantes da desnutrição infantil no semiárido do Brasil . Revista De Saúde Pública, 48(1), 19-28. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004828