A trajetória pendular do TEN: ir e vir na prática de mediação com o público

Autores

  • Viviane da Soledade Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i2p45-76

Palavras-chave:

Teatro Experimental do Negro, Público, Cena, Negritude, Branquitude

Resumo

O Teatro Experimental do Negro teve a difícil tarefa de se manter entre a negritude e a branquitude para agradar seu público e se estabelecer como artistas no país. A imagem do pêndulo nos remete ao grupo teatral perspectivado no interior do dilema de seu tempo, que o fez ir e vir entre contextos sociais, arriscando, inclusive, fraturar a radicalidade de um projeto militante. Mas alude também ao ir e vir como prática de mediação e, nesse sentido, pedagógica de um público majoritariamente branco. Propõe-se a reflexão de como o perfil do público, com suas vivências, posicionamentos e gostos, pode influenciar na concepção de cena de um grupo e em sua trajetória; um problema teórico e prático que diz respeito não somente ao trabalho do coletivo de artistas negros, mas a qualquer produção e projeto teatral contemporâneo. A exemplo da prática artística do TEN, buscam-se implicações dentro e fora de cena de produções teatrais negras sem a recepção de espectadores negros. Então sugere a investigação de como o público pode influenciar as dinâmicas teatrais, principalmente quando os corpos em cena estão inseridos em códigos prévios a sua anunciação que precisam ser radicalmente combatidos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Viviane da Soledade, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

    Gestora sociocultural, curadora e pesquisadora. Atualmente é doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro com a pesquisa “Relações entre a cena e o espectador de teatro negro: variações do Teatro Experimental do Negro aos dias atuais”, da qual este texto é um dos resultados.

Referências

BARBOSA, M. S. Guerreiro Ramos e o personalismo negro. 2004. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia, USP. São Paulo, 2004.

BENTO, M. A. S. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.

CAMARGO, A. R. A política dos palcos: teatro no primeiro governo Vargas (1930-1945). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

DINIZ, G. A. A literatura dramática do Teatro Experimental do Negro [manuscrito]: entre a crítica e a história. 2022. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, 2022.

DOMINGUES, P. Tudo preto: a invenção do teatro negro no Brasil. Luso-Brazilian Review, v. 46, n. 2, p. 113-127, 2009.

FERNANDES, F. O negro no mundo dos brancos. 2. ed. São Paulo: Global, 2007.

FERNANDES, F. Prefácio. In: NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016. p. 17-21.

FREYRE, G. Casa-grande e senzala. Rio de Janeiro: Maia e Schmidt, 1933.

LIMA, E. T. Um olhar sobre o teatro negro do Teatro Experimental do Negro e do Bando de Teatro Olodum. 2010. Tese (Doutorado em Artes) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

MARTINS, L. M. A cena em sombras. São Paulo: Editora Perspectiva, 1995.

MARTINS, L. M. Identidade e ruptura no teatro negro. Cadernos de Linguística e Teoria da Literatura, n. 18-20, p 227-236, 2016. DOI: 10.17851/0101-3548.9.18-20.227-236.

MENDES, M. G. A personagem negra no teatro brasileiro. São Paulo: Ática, 1982.

MENDES, M. G. O negro e o teatro brasileiro. São Paulo: Hucitec, 1993.

NASCIMENTO, A. (org.). Dramas para negros e prólogo para brancos. Rio de Janeiro: Edição do Teatro Experimental do Negro, 1961.

NASCIMENTO, A. (org.). Teatro Experimental do Negro: Testemunhos. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1966.

NASCIMENTO, A. Nasci no exílio. In: CAVALCANTI, P. C. U.; RAMOS, J. (org.). Memórias do Exílio: Brasil 1964-19??. São Paulo: Livramento, 1978.

NASCIMENTO, A. Teatro experimental do negro: trajetória e reflexões. Estudos Avançados, v. 18, n. 50, 2004.

NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016.

ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2006.

PRADO, D. A. O teatro brasileiro moderno: 1930 – 1980. São Paulo: Edusp, 1988.

SILVA, J. C. Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia. Manaus: Editora UEA, 2023.

Downloads

Publicado

2024-08-30

Edição

Seção

DOSSIÊ MEDIAÇÃO – ENTRE PÚBLICO, AÇÃO E CENA

Como Citar

Soledade, V. da. (2024). A trajetória pendular do TEN: ir e vir na prática de mediação com o público. Sala Preta, 23(2), 45-76. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i2p45-76