O linchamento em Morrinhos (boato, estigma e violência)

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180567

Mots-clés :

Estigma Social, Violência, Linchamento, Boato, Doença Mental, Redes Sociais

Résumé

Em 2014, na Baixada Santista, ocorreu o linchamento de uma jovem de 33 anos, episódio deflagrado por meio do compartilhamento em redes sociais do boato da existência no bairro de Morrinhos, em Guarujá (SP), de uma suposta bruxa sequestradora de crianças que realizava “rituais de magia negra”. Esse episódio ganhou importante atenção da imprensa nacional, sendo destacado – em parte relevante das reportagens – que a jovem espancada e morta era bastante conhecida na comunidade e fazia tratamento para uma doença psiquiátrica que desencadeava crises nas quais ela “perdia a noção de realidade”. Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise do contexto sociocultural relacionado a esse acontecimento: o linchamento de uma mulher com transtorno mental. Foram utilizados os métodos e as técnicas de pesquisa tradicionais da antropologia; entre eles, observação etnográfica densa e entrevistas em profundidade com moradores de Morrinhos. A análise do material permitiu apontar que a violência é vivamente presente no local e está diretamente relacionada aos conflitos cotidianos e às disputas sociais existentes no bairro, destacando-se a violência contra o doente mental. A propagação de boatos é frequente nesse local e possui importante papel em manter certo equilíbrio nas relações sociais. Nesse contexto, pode-se considerar que a ocorrência do linchamento se configurou como um fato que, em grande medida, foi capaz de representar uma condensação desses elementos – os boatos, a estigmatização e a violência – e, assim, os expôs despidos em sua forma mais bruta.

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Publiée

2019-11-09

Numéro

Rubrique

Original research articles

Comment citer

Leal, F. M. ., & Martin, D. . (2019). O linchamento em Morrinhos (boato, estigma e violência). Saúde E Sociedade, 28(4), 186-197. https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180567