O Papel das Didascálias no Trabalho de Tradução de Les Cenci, de Artaud
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v38p46-60Parole chiave:
Artaud, Les Cenci, Teatro, Crueldade, TraduçãoAbstract
Ao propor uma análise comparativa entre “Teatro oriental e teatro ocidental” em O teatro e seu duplo (1993), Artaud expõe sua conhecida crítica em relação à submissão do espetáculo ao texto dramático. Segundo Artaud, a tradição ocidental faria do teatro um “simples reflexo material do texto”, tornando problemática a própria separação do “teatro da ideia de texto realizado.” Condicionada por esse tipo de afirmação é que Les Cenci (2011), escrita por Artaud e encenada pela primeira vez em 1935 sob sua direção, causaria certo incômodo entre parte dos seus admiradores. Para estes, haveria uma contradição entre as posições teóricas do autor e a proposta cênica de um espetáculo que, no final das contas, orbitaria em torno de um texto. Problematizando esse tipo de recepção, num prefácio escrito para a peça, Michel Corvin (2011) chama atenção para a relevância que as indicações cênicas teriam na obra, subvertendo a importância das didascálias em relação ao conjunto de réplicas. Funcionando como uma partitura visando abrir o texto para sua dimensão propriamente teatral, essas informações acabariam por deslocá-lo de sua pretensa centralidade. O objetivo dessa comunicação é refletir sobre o papel dessas rubricas no trabalho de tradução de Les Cenci, procurando entender em que medida elas permitiriam operar uma prática tradutória que levasse em consideração as especificidades da teatralidade que já estaria presente no próprio suporte escrito da peça.
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