Via Atlântica está atrasada!

2025-04-04

Em 2014, eu e a Professora Fabiana Carelli assumimos a editoria de Via Atlântica quando transitávamos definitivamente para a versão digital. Abandonávamos quinze anos de existência impressa sempre muito bem-sucedida. Tendo sido criada pelo Professor Benjamin Abdala Junior, desde a sua criação em 1999, Via Atlântica adquiriu reconhecimento e sobretudo respeitabilidade no meio acadêmico de todos os continentes e não somente nos países de língua oficial portuguesa.

Nossa transição para a versão digital não foi fácil, além de termos de lidar com novas tecnologias, tivemos de nos adequar às várias normas editoriais que o novo meio exigia, tendo em vista que os critérios Qualis/Capes eram refinados e se tornavam mais exigentes. Por esses dez anos, procuramos manter a qualidade anterior, acolhendo propostas de números temáticos que tanto apontavam para a inovação, quanto para a revisão da tradição dos estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa. Nossos esforços, em 2017, foram recompensados quando Via Atlântica foi indexada na Web of Science — Core Collection — Emerging Sources Citation Index (ESCI) por suas contribuições à inovação das Humanidades, em especial nos Estudos de Literatura. Também, durante essa década de trabalhos, nosso maior esforço foi o de manter rigorosamente a periodicidade semestral da revista, sem atrasos. Para isso, contamos desde 1999, com o auxílio financeiro do Programa de Pós-graduação de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da USP e, eventualmente, do Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (CELP-FFLCH). Há alguns anos, passamos a receber financiamento da Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP (ABCD-USP) por meio de seus editais anuais de apoio às publicações científicas da Universidade. Apesar do conforto, foi-nos exigido novas formas de gerenciamento financeiros das tarefas editoriais e abandonarmos profissionais capacitados que nos anos anteriores colaboraram conosco. Se por um lado passamos a ter um conforto financeiro e de gestão, por outro, passamos a lidar com empresas contratadas pela FFLCH que frustraram muitas vezes as expectativas, principalmente, de nossos autores colaboradores e leitores. Mantivemos, no entanto, a nossa periodicidade.

Via Atlântica está atrasada!

O dossiê Literatura de Mulheres: Memórias, Periferias e Resistências no Espaço Luso-Afro-Brasileiro (v. 25 n. 2, 2024), previsto inicialmente para dezembro de 2024 encontra-se, desde novembro, na fase de diagramação, sob a responsabilidade de empresa contratada, por meio de concorrência pública, pela FFLCH. Os termos do contrato impedem-nos de substituir a empresa, cujo último contato conosco se deu em fevereiro de 2025 e que, desde então, não mais nos responde ou à FFLCH. Estamos, com isso, impossibilitados de garantir a nossa periodicidade e a publicação imediata do dossiê Literatura de Mulheres — o que muito lamentamos e para o qual pedimos a compreensão de nossa comunidade de autores e leitores. A empresa não somente frustrou nossas expectativas como a de vários outros periódicos publicados pela FFLCH. Reiteramos mensagens anteriores nas quais informávamos que não estamos medindo esforços para resolvermos esse problema. Está garantida, por meio de apoio do Programa de Pós-graduação de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da USP, a publicação do dossiê As Literaturas de Autoria Afrodescendente no Brasil e em Portugal (v. 26, n. 1, 2025), para breve.

Certos da compreensão de todos,

Mário Lugarinho (Editor-chefe)