Uma abordagem qualitativa das interações entre os domínios da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v17i3a103331Palavras-chave:
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, Pessoas com Deficiência, Apoio Social, Políticas Públicas de SaúdeResumo
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) baseia-se no modelo biopsicossocial e permite a compreensão dos processos de funcionalidade e incapacidade. O objetivo deste estudo foi analisar as interrelações entre os domínios da CIF, descrevendo o processo de funcionalidade e de incapacidade a partir da percepção do indivíduo. Utilizou-se abordagem qualitativa com realização de entrevistas e de grade de vida, construídas a partir dos domínios da CIF, aplicadas a 11 pacientes, seguida por preenchimento de um diário de atividades semanais. A maioria dos entrevistados fez ou faz uso de produtos e tecnologias como bengalas, prótese ou órteses, e não teve dificuldade na aquisição dos mesmos através do SUS. Os fatores pessoais que se destacaram foram as formas de enfrentamento da nova condição de saúde e a ressignificação de suas vidas. Durante as entrevistas, a importância do suporte social, sobretudo aquele oferecido pelos familiares e amigos, as barreiras encontradas na utilização do transporte público, além do acesso aos serviços de saúde e benefícios da Previdência Social foram ressaltados. A elaboração de estratégias foi um tema que aponta para a reorganização do cotidiano e que os entrevistados desenvolveram para minimizar as dificuldades vivenciadas em seu dia-a-dia. A análise das entrevistas permitiu confirmar a existência de interação entre os componentes da CIF. Este modelo mostrou-se uma ferramenta importante para compreender o processo de funcionalidade e incapacidade humana a partir da subjetividade e individualidade do paciente, bem como para elaborar intervenções e nortear políticas públicas e pesquisas na área de saúde
Downloads
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [homepage de Internet]. Brasília: IBGE; c2007 [citado em 2010 Mar 01]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br
Achutti A, Azambuja MIR. Doenças crônicas nãotransmissíveis no Brasil: repercussões do modelo de atenção à saúde sobre a seguridade social. Cien Saúde Coletiva. 2004;9(4):833-40.
Rabelo DF, Néri AL. Recursos psicológicos e ajustamento pessoal frente à incapacidade funcional na velhice. Psicol Estudo. 2005;10(3):403-12.
Almeida MF, Barata RB, Montero, CV, Silva ZP. Prevalência de doenças e utilização de serviços de saúde, PNAD/1998, Brasil. Cien Saúde Coletiva. 2002;7(4):743-56.
Farias N, Buchalla CMA. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(2):187-93.
Sampaio RF, Luz MT. Funcionalidade e incapacidade humana: explorando o escopo da classificação internacional da Organização Mundial da Saúde. Cad Saúde Pública. 2009;25(3):475-83.
CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: Edusp; 2003.
Alves PCB, Rabelo MCM. Significação e metáforas na experiência da enfermidade. In: Rabelo MCM, Alves PCB, Souza IMA. Experiência de doença e narrativa. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1999. p. 22-33.
Ueda S, Okawa Y. The subjective dimension of functioning and disability: what is it and what is it for? Disabil Rehabil. 2003;25(11-12):596-601.
Serapioni M. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em saúde: algumas estratégias para a integração. Cien Saúde Coletiva. 2000;5(1):187-92.
Nogueira-Martins MCF, Bógus CM. Considerações sobre a metodologia qualitativa como recurso para o estudo das ações de humanização em saúde. Saúde e Sociedade. 2004;13(3):44-57.
Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11 ed. São Paulo: Hucitec; 2008.
Parry O, Thomson C, Fowkes G. Life course data collection: qualitative interviewing using the life gride. Sociol Res Online. 1999;4(2):152-65.
Haguette TMF. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes; 1992.
Minayo MCS. Assis SG, Souza ER. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fioruz; 2005.
Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979.
Kjeken I, Dagfinrud H, Slatkowsky-Christensen B, Mowinckel P, Uhlig T, Kvien TK, et al. Activity limitations and participation restrictions in women with hand osteoarthritis: patients' descriptions and associations between dimensions of functioning. Ann Rheum Dis. 2005;64(11):1633-8.
Richardson JC, Ong BN, Sim J. Is chronic widespread pain biographically disruptive? Soc Sci Med. 2006;63(6):1573-85.
Richardson JC, Ong BN, Sim J. Experiencing and controlling time in everyday life with chronic widespread pain: a qualitative study. BMC Musculoskelet Disord. 2008;9:3.
De Souza V, MacFarlane A, Murphy AW, Hanahoe B, Barber A, Cormican M. A qualitative study of factors influencing antimicrobial prescribing by non-consultant hospital doctors. J Antimicrob Chemother. 2006;58(4):840-3.
Sampaio RF, Mancini MC, Fonseca ST, Produção científica e atuação profissional: aspectos que limitam essa integração na fisioterapia e na terapia ocupacional. Rev Bras Fisioter. 2002;6(3):113-8.
Steiner WA, Ryser L, Huber E, Uebelhart D, Aeschlimann A, Stucki G. Use of the ICF model as a clinical problem solving tool in physical therapy and rehabilitation medicine. Phys Ther. 2002;82(11):1098-1107.
Sampaio RF, Mancini MC, Gonçalves GGP, Bittencourt NFN, Miranda AD, Fonseca ST. Aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na prática clínica do fisioterapeuta. Rev Bras Fisioter. 2005;9(2):129-36.
Lindsay GM, Smith LN, Hanlon P, Wheatley DJ. The influence of general health status and social support on symptomatic outcome following coronary artery bypass grafting. Heart. 2001;85(1):80-6.
Coelho M, Ribeiro MJ. Influência do suporte social e do coping sabre a percepção subjetiva de bem-estar em mulheres submetidas a cirurgia cardíaca. Psicol Saúde e Doenças. 2000;1(1):79-87.
Abreu-Rodrigues M, Seidl EMF. A importância do apoio social em pacientes coronarianos. Paidéia. 2008;18(40):279-88.
Moraes TPR, Dantas RAS. Avaliação do suporte social entre pacientes cardíacos cirúrgicos: subsídio para o planejamento da assistência de enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15(2):323-9.
Borrero CLC. Soporte social informal, salud y funcionalidad en el anciano. Hacia La Promoción de la Salud. 2008;13:42-58.
Greenglass E, Fiksenbaum L, Eaton J. The relationship between coping, social support, functional disability and depression in the elderly. Anxiety, Stress, and Coping. 2006;19:15-31.
Silva FCM. Experiência da dor crônica: compreendendo as repercussões na participação de trabalhadores [Dissertação]. Belo Horizonte. Universidade Federal de Minas Gerais; 2007.
Bury M. The sociology of chronic illness: a review of research and prospects. Sociology of Health and Illness. 1991;13(4):451-68.
Stanley J, Vella-Brodrick D. The usefulness of social exclusion to inform social policy in transport. Transport Policy. 2009;16(3):90-6.
Brasil. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Senado; 1988.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2010 Acta Fisiátrica

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.