Pela inclusão do vídeo na psicanálise: espelho, espelho meu, que olhos grandes você tem!
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v26i2p312-327Palavras-chave:
vídeo, psicanálise, autismo, ilusão, alienaçãoResumo
Fundamentamos a função especular do vídeo na clínica psicanalítica infantil, especialmente no autismo, retomando os conceitos de alienação e ilusão. Em Lacan, o especular compreende uma imagem antecipada, oferecida pelo Outro, na qual o bebê se reconhece. Entretanto, essa cena alienante sugere um impasse, representado fabularmente pela rainha e branca de neve: que espelho oferece uma mãe considerando senão a própria beleza, incapaz de reconhecer a beleza própria da filha? Em Winnicott, uma ilusão ocorre no espelho: quando vê seu bebê, a mãe supõe existir de fato algo ali próprio a ele (não a ela). Tal ilusão ocorreria no vídeo: as filmagens dos atendimentos parecem capturar fatos que supomos concernirem à realidade da criança; após revisão do material, tomados pela ilusão, reconhecemo-lhe pequenas produções, mesmo a olho nu.
Downloads
Referências
Almeida, M. M. de, & Geraldini, S. A. R. B. (2018). Psicanálise e comunidade face-a-face com os "fantasmas": favorecendo a intimidade por meio do trabalho clínico com pais e filhos. Jornal de Psicanálise, 51(94), 141-155. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-58352018000100010&lng=pt&tlng=pt.
Bordwell, D. (2020, 22 de janeiro). When media become manageable: Streaming, film research, and the Celestial Multiplex. Observations on Film Art. Recuperado de http://www.davidbordwell.net/blog/2020/01/22/when-media-become-manageable-streaming-film-research-and-the-celestial-multiplex/
Ekizian, S., Lucero, A., Oliveira, E. P. De, Laznik, M.-C. (2017). Bébés à risque d'autisme: l'approche psychanalytique en France et au Brésil. Revue Psychologues et Psychologies, 248, 41 - 45. https://laznik.fr/wp-content/uploads/2018/01/2017_B%c3%a9b%c3%a9s-%c3%a0-risque-dautisme-France-Br%c3%a9sil_Ekizian-Lucero-et-al..pdf
Freud. S. (1911/2010). Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia (dementia paranoides) relatado em autobiografia (“O caso Schreber”, 1911). In S. Freud, Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia (“O caso Schreber”), artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913) (pp. 13-107). São Paulo, SP: Companhia das letras.
Freud, S. (1914/2010). Introdução ao narcisismo. In S. Freud, Introdução ao narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916) (pp. 13-50). São Paulo, SP: Companhia das letras.
Freud, S. (1915/2010). Os instintos e seus destinos. In S. Freud, Introdução ao narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916) (pp. 51-81). São Paulo: Companhia das letras.
Freud, S. (1930/2010). O mal-estar na civilização. In S. Freud, O mal-estar na civilização, novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (1930-1936) (pp. 13-123). São Paulo, SP: Companhia das Letras.
Ginzburg, C. (1989). Sinais. Raízes de um paradigma indiciário. In Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. São Paulo, SP: Companhia das Letras.
Ibanez-Bueno, J., Levin, M., Squires, S., & Vogel, J. (2014). Uses of FaceTime and videocalls: multiple approaches and exhibition. So Multiples, 6, 144-162. Recuperado de https://www.academia.edu/10869450/Uses_of_Facetime_and_video_calls_Multiple_Approaches_and_Exhibition
Ide, D. S. (2014). Pesquisa psicológica baseada em vídeos: sondar o invisível a partir do fora de quadro. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, 22(1), 93-108. doi: http://dx.doi.org/10.9788/TP2014.1-08
Ide, D. S. (2019). Psiconologia: O Estudo das Imagens Produzidas pela Psicologia à Luz da Iconologia de Mitchell. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, 35(e3553). doi: https://doi.org/10.1590/0102.3772e3553
Kupfer, M. C. M., Bernardino, L. M. F., & Yamashita, A. G. G. (2017). A Educação Terapêutica no trabalho com pais de bebês e crianças pequenas na Educação Infantil em tempos de autismo. APRENDER. Caderno de Filosofia e Psicanálise da Educação, 11(17), 111-122. doi: https://doi.org/10.22481/aprender.v0i17.3002
Lacan, J. (1998). O estádio do espelho como formador da função do Eu. In J. Lacan, Escritos (pp. 97-103). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.
Lieber, S. N., & Freire, R. M. A. de C. (2019). O processo de constituição subjetiva de uma criança surda: relato de caso. Revista CEFAC, 21(2), e10018. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0216/201921210018
Maleval, J. C. (2015). Por que a hipótese de uma estrutura autística? Opção Lacaniana, 6(10). Recuperado de http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_18/Por_que_a_hipotese_de_uma_estrutura_autistica.pdf
Poli, M. C. (2005a). Clínica da exclusão: a construção do fantasma e o sujeito adolescente. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.
Poli, M. C. (2005). “Alienação” na psicanálise: a pré-história de um conceito. Psychê, 9(16), 133-152. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000200009&lng=pt&tlng=pt.
Riolfi, C. R. (2011). Corpo e responsabilidade: efeitos da psicanálise sobre portadores de doenças degenerativas. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 11(1), 241-265. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482011000100009&lng=pt&tlng=pt.
Saboia, C., Gosmes, C., Viodé, C., Gille, M., Ouss, L., & Golse, B. (2017). Do Brincar do Bebê ao Brincar da Criança: Um Estudo sobre o Processo de Subjetivação da Criança Autista. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 33, e33426. doi: https://doi.org/10.1590/0102.3772e33426
Teperman, D. W. (2005). Clínica psicanalítica com bebês: uma intervenção a tempo. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo/Fapesp.
Winnicott, D. W. (1991). Mirror-role in mother and family in child development. Playing and reality (pp. 111-118). Londres: Tavistock/Routledge.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Danilo Sergio Ide
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O envio dos manuscritos deverá ser acompanhado de Carta à Comissão Executiva solicitando a publicação. Na carta, o(s) autor(es) deve(m) informar eventuais conflitos de interesse - profissionais, financeiros e benefícios diretos ou indiretos - que possam vir a influenciar os resultados da pesquisa. Devem, ainda, revelar as fontes de financiamento envolvidas no trabalho, bem como garantir a privacidade e o anonimato das pessoas envolvidas. Portanto, o(s) autor(es) deve(m) informar os procedimentos da aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética da instituição do(s) pesquisador(es) com o número do parecer.
O material deve ser acompanhado também de uma Declaração de Direito Autoral assinada por todo(s) o(s) autor(es) atestando o ineditismo do trabalho, conforme o seguinte modelo:
Eu, Rinaldo Voltolini, concedo à revista o direito de primeira publicação e declaro que o artigo intitulado Sobre uma política de acolhimento de professores em situação de inclusão, apresentado para publicação na revista Estilos da Clínica, não foi publicado ou apresentado para avaliação e publicação em nenhuma outra revista ou livro, sendo, portanto, original.