O processamento lexical do acento em pseudopalavras a partir da leitura de falantes do português brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v26i2p241-259Palavras-chave:
Acento, Pseudopalavras, Português brasileiroResumo
Este trabalho investigou, a partir de um estudo experimental, o papel da similaridade fonológica, da frequência de ocorrência da palavra base e da sílaba final na atribuição do acento primário em pseudopalavras a partir da produção de falantes nativos do português brasileiro. A métrica de criação das pseudopalavras baseou-se no estudo de Protopapas et al. (2006). As palavras a partir das quais as pseudopalavras foram criadas tinham alta ou baixa frequência de ocorrência, três sílabas de extensão. Contrastaram-se quatro grupos experimentais: i. similar de alta frequência; ii. dissimilar de alta frequência; iii. similar de baixa frequência; e iv. dissimilar de baixa frequência. Hipotetizou-se que pseudopalavras similares de alta frequência desencadeassem mais processos analógicos do que pseudopalavras dissimilares. Participaram do estudo 34 falantes, em uma tarefa de leitura. Os resultados demonstraram que a semelhança entre palavras reais e pseudopalavras desencadeia processos analógicos com a extensão do padrão acentual e que a frequência de ocorrência da palavra alvo e a sílaba final também são relevantes. Tais resultados trazem indícios de que o acento é armazenado juntamente com a palavra (isto é, é lexical) e de que os níveis segmental, silábico e acentual interagem na determinação do local em que o acento incide.
Downloads
Referências
Benevides AL. O acento primário em pseudopalavras: uma abordagem experimental [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2017.
Benevides AL. O acento em pseudopalavras [tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2022.
Benevides AL, Guide BF. Corpus ABG. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia. 2017;10 (1):139-163.
Bisol L. O acento e o pé métrico. Letras de Hoje. 1994;29(4):25-36.
Bybee J. Phonology and language use. Cambridge: Cambridge University Press; 2001.
Bybee J. From usage to grammar: the mind’s response to repetition. Scholarly journals online; 2006. p. 711-732.
Bybee J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press; 2010.
Câmara Jr. JM. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro: Simões; 1953.
Câmara Jr. JM. Estrutura da língua portuguesa. 34.ª ed. Petrópolis: Editora Vozes; 2001 [1970].
Cantoni MM. O acento no português brasileiro: uma abordagem experimental [tese]. Belo Horizonte: Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais; 2013.
Coltheart M. Modeling reading: the dual-route approach. In: Snowling MJ, Hulme C, editores. The science of reading: a handbook. Oxford: Backwell; 2005. p. 6-23.
Coltheart M, Rastle K. Serial processing in reading aloud: evidence for dual-route models of reading. Journal of Experimental Psychology. 1994;20(6):1197-1211.
Cristófaro-Silva T. Intervocalic palatal glides in Brazilian Portuguese. Revista de Estudos Linguísticos. 1995;2(4):5-20.
Kemmer S, Barlow M. Introduction: a usage-based conception of language. In: Barlow M, Kemmer S. Usage based models of language. Califórnia: CSLI Publications; 1999. p. vii-xxviii.
Langacker R. A dynamic usage-based model. In: Barlow M., Kemmer S. Usage-based models of language. Califórnia: CSLI Publications; 1999. p. 1-63.
Langacker R. Cognitive grammar: a basic introduction. Nova Iorque: Oxford University Press; 2008.
Langacker R. Essentials of cognitive grammar. Nova Iorque: Oxford University Press; 2013.
Lee SH. Morfologia e fonologia lexical do português do Brasil [tese]. Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas; 1995.
Lee SH. O acento primário no português: uma análise unificada na teoria da otimalidade. In: Araújo GA, organizador. O acento em português: abordagens fonológicas. São Paulo: Parábola Editorial; 2007. p. 121-144.
Magalhães JS. O plano multidimensional do acento na teoria da otimalidade [tese]. Porto Alegre: Faculdade de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2004.
Massini-Cagliari G. Do poético ao linguístico no ritmo dos trovadores: três momentos da história do acento. São Paulo: Cultura Acadêmica; 1999.
Mateus MHM. O acento em palavra em português: uma nova proposta. Boletim de Filologia. 1983;27:211-229.
Pierrehumbert JB. Exemplar dynamics: word frequency, lenition and contrast. In: Bybee J, Hopper P, editores. Frequency effects and the emergence of linguistic structure. Amsterdam: John Benjamins; 2001. p. 137-157.
Protopapas A, et al. Lexical and default stress assignment in reading Greek. Journal of Research in Reading. 2006;29(4):418-432.
R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing [programa de computador]. Vienna, Austria. 2015. Disponível em: http://www.R-project.org.
Rastle K, Coltheart M. Lexical and nonlexical print-to-sound translation of disyllabic words and nonwords. Journal of Memory and Language. 2000;42:342-364.
Wetzels WL. Consoantes palatais como geminadas fonológicas no Português Brasileiro. Revista de Estudos Linguísticos. 2000;9(2):5-15.
Wetzels WL. Primary word stress in Brazilian Portuguese and the weight parameter. Journal of Portuguese Linguistics. 2007;5(2):9-58.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Aline de Lima Benevides

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais serão cedidos à revista para publicação on-line, com livre acesso e impressa para arquivo em papel. Serão preservados, porém, para autores que queiram republicar os seus trabalhos em coletâneas.