Reflexões sobre o planejamento de unidades de tratamento intensivo - UTIS - na perspectiva dos usuários
DOI:
https://doi.org/10.11606/gtp.v16i4.178547Palavras-chave:
Arquitetura hospitalar, Avaliação pós-ocupação, Percepção ambientalResumo
O presente trabalho discute o resultado da avaliação do ambiente físico de três unidades de tratamento intensivo (UTIs) de hospitais públicos da Grande Florianópolis. Objetivou-se identificar problemas recorrentes nessas unidades, a partir da percepção ambiental de seus profissionais de saúde e também da avaliação dos pesquisadores, e refletir sobre possíveis soluções. Para tanto, foram realizadas: revisão de literatura; visitas exploratórias a duas UTIs de hospitais particulares; e aplicada a metodologia de avaliação pós-ocupação em três estudos de caso de hospitais públicos, nos quais foram empregados o mapeamento visual e a análise walkthrough. Cabe destacar que, na análise walkthrough, as três unidades não atenderam plenamente aos aspectos mínimos necessários ao funcionamento do local, os quais dizem respeito, em sua maioria, a itens previstos em resoluções e normas. Dentre os problemas recorrentes encontrados nas três UTIs avaliadas estão: subdimensionamento de ambientes; insuficiência ou inadequação de móveis e equipamentos; ambientação pouco humanizada; sobreposição indesejável de usos; problemas de conservação e de manutenção; falta de visibilidade em relação aos leitos; acabamentos inadequados; e aspectos deficitários da infraestrutura. Espera-se, através da discussão dos problemas constatados e de possíveis soluções, contribuir para a atuação profissional, para a gestão pública desses locais e para a revisão da legislação vigente.
Downloads
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9050/2020: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
BAGGIO, Maria Aparecida et al. Privacidade em unidades de terapia intensiva: direitos do paciente e implicações para a enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 64, n. 1, p. 25-30, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672011000100004&script=sci_arttext . DOI:< http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672011000100004>. Acesso em: 1 nov. 2005.
BONILHA, Larissa Gomes et al. Sentimentos e emoções vivenciados em unidade de terapia intensiva: a influência no cuidado clínico do enfermeiro. Revista de Enfermagem UFPE (online), Recife, n. 9, p. 8636-8642, jun. 2015. DOI: <10.5205/reuol.7061-61015-5-SM0906supl201502>. Acesso em: 1 nov. 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 fev. 2002.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 7 de 24 de fevereiro de 2010. Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Diário Oficial República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 fev. 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Economia e Desenvolvimento. Internação e apoio ao diagnóstico e terapia (reabilitação). Brasília : Ministério da Saúde, 2013.Brasil.
CARUSO, Pedro et al. ICU architectural design affects the delirium prevalence: a comparison between single-bed and multibed rooms. Critical Care Medicine, v. 42, n. 10, p. 2204-2210, 2014. Disponível em: https://journals.lww.com/ccmjournal/Abstract/2014/10000/ICU_Architectural_Design_Affects_the_Delirium.7.aspx. DOI:< http://dx.doi.org/10.1097/ccm.0000000000000502>. Acesso em: 19 jan. 2021.
CARVALHO, Antônio Pedro Alves de. Introdução à arquitetura hospitalar. Salvador: UFBA, FA, GEA-hosp, 2014.
CAVALCANTI, Patrícia Biasi et al. Avaliação pós-ocupação de unidades de emergência hospitalares de Florianópolis: problemas recorrentes e possíveis soluções. Ambiente Construído (online), Porto Alegre, v. 19, n.2, p. 171-186, 2019. DOI: <https://doi.org/10.1590/s1678-86212019000200315>. Acesso em: 6 ago. 2019.
CHAUDHURY, Habib; MAHMOOD, Atiya; VALENTE, Maria. Advantages and Disadvantages of Single-Versus Multiple-Occupancy Rooms in Acute Care Environments: A Review and Analysis of the Literature. Environment and Behavior, [s.l.], v. 37, n. 6, p.760-786, 2005. DOI: <http://dx.doi.org/10.1177/0013916504272658>. Acesso em: 1 nov. 2005.
DA SILVA, Rafael Celestino; FERREIRA, Márcia de Assunção. Um deslocamento do olhar sobre o conhecimento especializado em enfermagem: debate epistemológico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 16, n. 6, 2008. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2814/281421896017.pdf. Acesso em: 1 nov. 2005.
DALMASSO, Gabriela Liuzzi. A relação entre espaço e saúde: uma contribuição da Arquitetura para a humanização da Unidade de Tratamento Intensivo. 2005. 162 f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
DETTENKOFER, Markus et al. Does the architecture of hospital facilities influence nosocomial infection rates? A systematic review. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 25, n. 1, p. 21-25, 2004. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/abs/does-the-architecture-of-hospital-facilities-influence-nosocomial-infection-rates-a-systematic-review/52A1605C66DC3C23B23BFEBDB42F1E6B. DOI:
DONCHIN, Yoel; SEAGULL, F. Jacob. The hostile environment of the intensive care unit. Current Opinion in Critical Care, v. 8, n. 4, p. 316-320, 2002. Disponível em: https://journals.lww.com/co-criticalcare/Abstract/2002/08000/The_hostile_environment_of_the_intensive_care_unit.8.aspx. Acesso em: 17 jan. 2021.
ENGWALL, Marie et al. Lighting, sleep and circadian rhythm: An intervention study in the intensive care unit. Intensive and Critical Care Nursing, v. 31, n. 6, p. 325-335, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0964339715000439.DOI: <https://doi.org/10.1016/j.iccn.2015.07.001>. Acesso em: 17 jan. 2021.
FERRER, Mário. Manual da Arquitetura das Internações Hospitalares. 1a ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2012.
KAPLAN, Rachel; KAPLAN, Stephen. The experience of nature: A psychological perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
LU, Yi; ZIMRING, Craig. Can intensive care staff see their patients? An improved visibility analysis methodology. Environment and Behavior, v. 44, n. 6, p. 861-876, 2012. DOI: < https://doi.org/10.1177/0013916511405314>. Acesso em: 20 jan. 2021.
LU, Yi et al. Patient visibility and ICU mortality: a conceptual replication. HERD: Health Environments Research & Design Journal, v. 7, n. 2, p. 92-103, 2014. DOI:< https://doi.org/10.1177/193758671400700206>. Acesso em: 4 abr. 2021.
LUETZ, Alawi et al. Feasibility of noise reduction by a modification in ICU environment. Physiological Measurement, v. 37, n. 7, p. 1041-1055, mai. 2016. Disponível em: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/0967-3334/37/7/1041/meta. DOI: <http://doi.org/10.1088/0967-3334/37/7/1041>. Acesso em: 06 abr. 2021.
NASCIMENTO, Eliane Regina Pereira do; TRENTINI, Mercedes. O cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva (UTI): teoria humanística de Paterson e Zderad. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v.12, n. 2, p. 250-257, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v12n2/v12n2a15.pdf. DOI:< https://doi.org/10.1590/S0104-11692004000200015>. Acesso em: 1 nov. 2005.
NATIONAL HEALTH SYSTEM. AEDET Evolution: Achieving Excellence Design Evaluation Toolkit – Instructions, Scoring and Guidance. 2005a. Disponível em: http://www.dh.gov.uk/en/Procurementandproposals/Publicprivatepartnership/Privatefinanceinitiative/ InvestmentGuidanceRouteMap/DH_4132945. Acesso em: 31 mar. 2009a.
NATIONAL HEALTH SYSTEM. ASPECT: Staff and Patient Environment Calibration Toolkit 21. 2005b. Disponível em: http://www.dh.gov.uk/en/Publicationsandstatistics/Publications/ PublicationsPolicyAndGuidance/ DH_082087. Acesso em: 31 mar. 2009b.
RASHID, Mahbub. A decade of adult intensive care unit design: a study of the physical design features of the best-practice examples. Critical Care Nursing Quarterly, v. 29, n. 4, p. 282-311, 2006. Disponível em: https://journals.lww.com/ccnq/Abstract/2006/10000/A_Decade_of_Adult_Intensive_Care_Unit_Design__A.3.aspx. Acesso em: 18 jan. 2021
RHEINGANTZ, Paulo A. et al. Observando a Qualidade do Lugar: procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: Ed. Viana & Mosley, 2009.
RUNGTA, Narendra et al. Indian society of critical care medicine experts committee consensus statement on ICU planning and designing, 2020. Indian Journal of Critical Care Medicine, v. 24, n. Suppl 1, p. 43-60, 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7085818/. Acesso em: 16 jan. 2021.
SAMPAIO, Edilene Vitorino; CEZAR, Maria de Fátima. Unidade de Tratamento Intensivo. In: CARVALHO, Antônio Pedro Alves de. Arquitetura de Unidades Hospitalares. Salvador: Virgínia Oliveira, 2004. p. 107-115.
SEO, Hyun-Bo; CHOI, Young-Seon; ZIMRING, Craig. Impact of hospital unit design for patient-centered care on nurses’ behavior. Environment and Behavior, v. 43, n. 4, p. 443-468, 2011. DOI:< https://doi.org/10.1177/0013916510362635>. Acesso em: 19 jan. 2021.
SHEPLEY, Mardelle McCuskey; HARRIS, Debra D.; WHITE, Robert. Open-bay and single-family room neonatal intensive care units: caregiver satisfaction and stress. Environment and Behavior, v. 40, n. 2, p. 249-268, 2008.DOI: < https://doi.org/10.1177/0013916507311551>. Acesso em 19 jan. 2021.
SHEPLEY, Mardelle McCuskey et al. The impact of daylight and views on ICU patients and staff. HERD: Health Environments Research & Design Journal, v. 5, n. 2, p. 46-60, 2012. DOI:< https://doi.org/10.1177/193758671200500205 >. Acesso em: 3 abr. 2021.
SOUZA, Kátia Maria Oliveira de; FERREIRA, Suely Deslandes. Assistência humanizada em UTI neonatal: os sentidos e as limitações identificadas pelos profissionais de saúde. Ciência e saúde coletiva, v. 15, p. 471-480, 2010. DOI:<https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000200024>. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v15n2/v15n2a24.pdf. Acesso em: 10 nov. 2012.
TAVARES, Daniela Prado; SANTOS, Mauro César de Oliveira; BURNSZTYN, Ivani. Considerações sobre o projeto de espaços para o cuidado crítico. In: VI CBDEH - Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, 2014, Florianópolis. Anais do VI CBDEH - Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar. Florianópolis: ABDEH, 2014. v. 1, p. 45-50. Disponível em: https://document.onl/documents/anais-vi-cbdeh.html. Acesso em: 20 jan. 2021.
THOMPSON, Dan R. et al. Guidelines for intensive care unit design. Critical Care Medicine, v. 40, n. 5, p. 1586-1600, 2012. Disponível em: https://journals.lww.com/ccmjournal/fulltext/2012/05000/Guidelines_for_intensive_care_unit_design_.26.aspx. DOI: <10.1097/CCM.0b013e3182413bb2>. Acesso em: 16 jan. 2021.
ULRICH, Roger S. et al. Stress recovery during exposure to natural and urban environments. Journal of environmental Psychology, v. 11, n. 3, p. 201-230, 1991.
ULRICH, Roger S. et al. A conceptual framework for the domain of evidence-based design. HERD: Health Environments Research & Design Journal, v. 4, n. 1, p. 95-114, 2010. DOI: <https://doi.org/10.1177/193758671000400107>.
WAGNER, Jennifer A. et al. Analyzing ICU patient room environmental quality through unoccupied, normal, and emergency procedure modes: an eqi evaluation. HERD: Health Environments Research & Design Journal, v. 12, n. 4, p. 217-225, 2019. DOI:< http://dx.doi.org/10.1177/1937586719854218>. Acesso em: 4 abr. 2021.
WALDER, Bernhard et al. Effects of guidelines implementation in a surgical intensive care unit to control nighttime light and noise levels. Critical Care Medicine, v. 28, n. 7, p. 2242-2247, 2000. Disponível em: https://journals.lww.com/ccmjournal/Abstract/2000/07000/Effects_of_guidelines_implementation_in_a_surgical.10.aspx. Acesso em: 19 jan. 2021.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Patricia Cavalcanti, Camila Maçaneiro da Silva, Isabella Postiglione, Julia Eli, Julia Martan Nazário Palma

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).