A criação da galeria das travestis no presídio central de Porto Alegre: uma análise a partir dos tensionamentos entre estrutura e ação
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2019.138030Palavras-chave:
Travestis, Estrutura, Ação, Presídio Central de Porto AlegreResumo
O objeto deste artigo é a criação da galeria das travestis no Presídio Central de Porto Alegre, ocorrida no ano de 2012. Tem-se como objetivo analisar o espaço conhecido como “3a do H” a partir do tema da estrutura e da ação na teoria social contemporânea, conferindo-se ênfase às contribuições de dois autores que buscaram sintetizar essas dimensões do social: Anthony Giddens e Pierre Bourdieu. Os dados utilizados advêm da participação em duas pesquisas – a primeira, envolvendo as experiências de travestis com o sistema de segurança pública do estado do Rio Grande do Sul, e a segunda ocupada com a compreensão das relações de poder internas ao PCPA. Argumenta-se que a galeria resultou das práticas sociais de variados atores – que, de modos distintos, repercutiram em um mesmo resultado. Ademais, embora a galeria tenha flexibilizado as regras estruturais referentes à transfobia no espaço carcerário, tal mudança coexistiu com sua reprodução no univ erso prisional.
Downloads
Referências
Aguinsky, Beatriz Gerherson; Ferreira, Guilherme Gomes; Cipriani, Marcelli. A carteira de nome social para travestis e transexuais no Rio Grande do Sul: entre polêmicas, alcances e limites. In: Anais eletrônicos do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios atuais dos feminismos. Florianópolis, 2013.
Alexander, Jeffrey Charles. O novo movimento teórico. Revista brasileira de Ciências Sociais, v.2, n.4, jun., 1987.
Barreto, Victor Hugo de Souza Barreto. A pesquisa em práticas sexuais: políticas e moralidades na academia. Revista Antropolítica, n. 43, v. 2, p. 203-229, 2017.
Bourdieu, Pierre. A dominação masculina. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
Bourdieu, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 8 ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.
Bourdieu, Pierre. Outline of a theory of practice. 28th printing. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias: INFOPEN Atualização - Junho de 2016. Brasília, 2017a.
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias: INFOPEN Mulheres. 2 ed. Brasília, 2017b.
Butler, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
Butler, Judith. Vida precaria: el poder del duelo y la violencia. Buenos Aires: Paidós, 2006.
Campos, Marcelo da Silveira. Pela metade: as principais implicações da nova lei de drogas no sistema de justiça criminal em São Paulo. Tese (Doutorado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
Carrara, Sérgio; Vianna, Adriana de Resende Barreto. “Tá lá o corpo estendido no chão...”: a Violência Letal contra Travestis no Município do Rio de Janeiro. PHYSIS, v. 16, n. 2, p. 233-249, 2006.
Cipriani, Marcelli. Os coletivos criminais de Porto Alegre entre a “paz” na prisão e a guerra na rua. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.
Ferreira, Guilherme Gomes. Donas de rua, vidas lixadas: interseccionalidades e marcadores sociais nas experiências de travestis com o crime e o castigo. Tese (Doutorado em Serviço Social). Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.
Ferreira, Guilherme Gomes.Travestis e prisões: experiência social e mecanismos particulares de encarceramento no Brasil. Curitiba: Multideia, 2015.
Ferreira, Guilherme Gomes.Violência, interseccionalidades e seletividade penal na experiência de travestis presas. Temporalis: Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, v. 14, n. 27, p. 99-117, 2014.
Foucault, Michel. Microfísica do poder. São Paulo: Edições Graal, 2011.
Foucault, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2008.
Galli, Gabriel. Dignidade entre grades. Revista Experiências, p. 06-10. 2013.
Giddens, Anthony. A constituição da sociedade. 3 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
Giddens, Anthony. Central Problems in Social Theory: action, structure and contradiction in social analysis. London: Macmillan Education LTD, 1979.
Giddens, Anthony. Dualidade da estrutura: agência e estrutura. Oeiras: Celta Editora, 2000.
Godoi, Rafael. Fluxos em cadeia: as prisões em São Paulo na virada dos tempos. São Paulo: Boitempo, 2017.
Góes, Eda Maria. A recusa das grades: rebeliões nos presídios paulistas: 1982-1986. São Paulo: IBCCRIM, 2009.
Kulick, Dom. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.
Lago, Natália; Zamboni, Marcio. Políticas sexuais e afetivas da prisão: gênero e sexualidade em contextos de privação de liberdade. Anais do 40o Encontro Anual da ANPOCS, SPG 13 – Estudos em Antropologia do Direito, Sociologia da Punição e encarceramento. Caxambu-MG, 2016.
Lourenço, Luiz Claudio; Alvarez, Marcos César. Estudos sobre prisão: um balanço do estado da arte nas ciências sociais nos últimos vinte anos no Brasil (1997-2017). BIB, V.2, N. 84, P. 216-236, 2017.
Navas, Kleber de Mascarenhas. Travestilidades: trajetórias de vida, lutas e resistências de travestis como construção de sociabilidade. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Faculdade de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2011.
Ortner, Sherry. “Uma atualização da teoria da prática”. In: Grossi, Miriam Pillar et al (Orgs.) Conferências e práticas antropológicas, 25a Reunião Brasileira de Antropologia. Blumenau: Nova Letra, 2006, p. 19-44.
Passos, Amilton Gustavo da Silva. Uma ala para travestis, gays e seus maridos: pedagogias institucionais da sobrevivência no Presídio Central de Porto Alegre. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
Ramalho, José Ricardo. Mundo do crime: a ordem pelo avesso [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
Silva, Rosimeri Aquino da; Seffner, Fernando. A ala LGBT do Presídio Central de Porto Alegre. In: Anais eletrônicos do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios atuais dos feminismos. Florianópolis-SC, 2013.
Seffner, Fernando; Passos, Amilton Gustavo da Silva. Uma galeria para travestis, gays e seus maridos: forças discursivas na geração de um acontecimento prisional. Sexualidad, Salud y Sociedad, n. 23, p. 140-161, 2016.
Serra, Victor Siqueira. “Pessoa afeita ao crime”: criminalização de travestis e o discurso judicial criminal paulista. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. França, 2018.
Souza, Bruna Caldieraro; Ferreira, Guilherme Gomes. Execução penal e população de travestis e mulheres transexuais: o caso do Presídio Central de Porto Alegre. Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 2, p. 26-35, 2016.
Sykes, Gresham. The Society of Captives: A Study of a Maximum Security Prison. Princeton: Princeton University Press, 1958.
Welzer-Lang, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Estudos Feministas, Florianópolis, ano 9, p. 461- 482, 2001.
Zaluar, Alba. Da revolta ao crime S.A. São Paulo: moderna, 1996.
Zamboni, Marcio. Travestis e Transexuais Privadas de Liberdade: a (des)construção de um sujeito de direitos. Revista Euroamericana de Antropologia, v. 5, n. 2, jun., p. 15-23, 2016.
Zamboni, Marcio. O barraco das monas na cadeia dos coisas: notas etnográficas sobre a diversidade sexual e de gênero no sistema penitenciário. ARACÊ – Direitos Humanos em Revista, ano 4, n. 5, p. 93-115. 2017.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Política de direitos compartilhados
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Ao submeter seu trabalho à Plural, o autor concorda que: o envio de originais à revista implica autorização para publicação e divulgação, ficando acordado que não serão pagos direitos autorais de nenhuma espécie. Uma vez publicados os textos, a Plural se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução, permitindo sua posterior reprodução como transcrição e com devida citação de fonte. O conteúdo do periódico será disponibilizado com licença livre, Creative Commons - Atribuição NãoComercial- CompartilhaIgual –, o que quer dizer que os artigos podem ser adaptados, copiados e distribuídos, desde que o autor seja citado, que não se faça uso comercial da obra em questão e que sejam distribuídos sob a mesma licença (ver: http://www.creativecommons.org.br/).