Às voltas com a História da Loucura: um percurso intelectual de Michel Foucault
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2010.74554Palavras-chave:
Michel Foucault, racionalidade, crítica, loucura, outro, modernidade.Resumo
Trata-se de compreender o projeto em História da Loucura na Idade Clássica [1961] como um élan à trajetória intelectual de Foucault, a qual problematiza a racionalidade das nossas relações com o Outro da cultura ocidental, isto é, com aquele que reside historicamente no não dito. Para tanto, torna-se necessário discutir as implicações sociais a partir da oposição entre o normal e o patológico, de modo a ressaltar uma questão fundamental em sua tese de 1961, a saber: de que maneira o louco, como representante de uma das experiências limite problematizadas por Foucault, passou a ser concebido como o Outro a ser recusado pela racionalidade ocidental. Desse modo, por meio de sua análise histórico- filosófica e da demonstração da crescente subordinação da loucura à razão – a partir da qual se torna possível a emergência da loucura e de suas redes de controle social –, trata-se de evidenciar de que modo o homem, como um objeto fictício de si, aparece como uma problematização já em seus primeiros escritos. Às voltas com as embrionárias reflexões e problematizações das (não) relações que se tem com os saberes sujeitados da cultura ocidental, confere-se a contribuição de Michel Foucault à filosofia contemporânea, em sua tarefa crítica do pensamento que implica a arte de não ser governado pela verdade em sentido a-histórico.