Um filho para duas mães?: Notas sobre a maternidade em Cabo Verde
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0034-77012010000100004Palabras clave:
Organização familiar, Cabo Verde, maternidade, criançasResumen
Estudos sobre o parentesco africano que tratam da questão geracional não são novidades para a antropologia, seja em abordagens clássicas, que focam a estrutura institucional dos sistemas de parentesco, seja em análises contemporâneas, que inserem a questão no contexto das relações construídas pela prática cotidiana. No caso de Cabo Verde, para entender o lugar central da mulher e da relação entre mulheres para a reprodução das relações familiares, não se pode negligenciar o papel das avós. Argumentando neste sentido, o artigo busca demonstrar como a maternidade, tal como entendida em Cabo Verde, não está restrita à figura da mãe, envolvendo outras mulheres no compartilhamento de substâncias essenciais para o cotidiano - alimento, cama, casa, bens e valores. Nesse contexto, emerge uma estratégia importante e que faz da maternidade em Cabo Verde um caso particular: o fato de que uma geração não é o bastante para a realização plena da maternidade, pois esta requer o esforço coordenado de duas gerações de mulheres no interior da estrutura familiar. Mãe e avó complementam-se na tarefa de cuidar e alimentar as crianças e essa união dá o sentido local do que uma criança precisa para estar feliz e amparada. Da mesma forma, exercer a maternidade nas duas fases da vida significa o exercício pleno da maternidade para uma mulher. O artigo desenvolve, portanto, o argumento de que ser mãe em Cabo Verde é um ciclo que começa com o nascimento de um filho e só se encerra plenamente quando a mulher se torna avó.Descargas
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