Vigiar e narrar: sobre formas de observação, narração e julgamento de movimentações
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2014.89110Palavras-chave:
Movimento, socialidade, moralidade, narrativa, família e parentesco, Minas GeraisResumo
A partir de pesquisas em duas regiões rurais de Minas Gerais, este artigo aborda modalidades de movimentação e de observação mútua no cotidiano de comunidades morais multilocalizadas. Aborda também as formas narrativas e as dinâmicas de julgamento moral indissociáveis de tais modalidades de observação. Narrativas e julgamentos morais são constitutivos das próprias movimentações, uma vez que para narrar ou para ouvir narrativas, para julgar e saber de julgamentos, é necessário movimentar-se, o que por sua vez potencializa novas observações e narrativas. Essa sistemática de movimentação, conhecimento, recriação narrativa dos eventos, crítica moral, e governo dos movimentos próprios ou alheios, é adensada em momentos ou locais de excepcional movimento ou animação. Pode ser descrita como uma prática de operações de mapeamento dinâmicas e polêmicas, nas quais casas e os modos de movimentação entre elas são um foco de grande interesse e elaboração. Nesse aspecto, as casas são aqui abordadas como locais de onde, de maneiras diversas, se pode sair (ou não), para onde se pode ir (ou não), onde se pode permanecer (por mais ou menos tempo), e internamente às quais também há movimentações significativamente observadas e comentadas. Com essa abordagem, pretende-se contribuir para um ponto de partida etnográfico para a abordagem da movimentação, tomada como socialidade ou modo de sociação, evitando desta forma pré-definir grades de classificação espacial e formas de categorização de movimentos, bem como deixando de supor causalidades relativas a domínios preestabelecidos da vida social.
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