Médicos da atenção primária e especializada conhecem e utilizam mecanismos de coordenação?
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002475Palavras-chave:
Colaboração Intersetorial, Assistência Integral à Saúde, Níveis de Atenção à Saúde, Administração de Serviços de SaúdeResumo
OBJETIVOS: Analisar se médicos da atenção primária à saúde e da atenção especializada conhecem e utilizam mecanismos de coordenação do cuidado entre níveis assistenciais. MÉTODOS: Estudo transversal, do tipo inquérito, com aplicação do instrumento COORDENA-BR a médicos da atenção primária e da atenção especializada da rede pública de um município de médio porte, no período de junho a outubro de 2019. Foi abordado o conhecimento, frequência de envio e recebimento, finalidade, características e dificuldades para a utilização dos mecanismos de feedback ou adaptação mútua e de padronização para promoção de coordenação do cuidado entre níveis assistenciais. RESULTADOS: Instrumentos de feedback como formulários de referência e contrarreferência, resumo de alta hospitalar e WhatsApp são amplamente conhecidos por profissionais dos dois níveis, s em d iferenças s ignificativas. S essões c línicas e protocolos s ão p ouco r econhecidos, sobretudo na atenção especializada, o que pressupõe baixa utilização de mecanismos de padronização para obtenção de maior coordenação do cuidado entre níveis assistenciais. Apesar do elevado reconhecimento e facilidade de uso, instrumentos de feedback tradicionais como guias de referência e contrarreferência não são amplamente utilizados. Menor frequência de médicos conhecia os protocolos, principalmente na atenção especializada, e destacaram dificuldades para sua aplicação, como insuficiência de exames e indisponibilidade de insumos na rede. As sessões clínicas eram pouco conhecidas e tinham baixa frequência de participação. Pressão assistencial, baixa institucionalização e falta de tempo foram barreiras identificadas para a incorporação dos mecanismos de coordenação do cuidado ao processo de trabalho na atenção primária e especializada, além daquelas relacionadas à oferta de serviços na rede. CONCLUSÃO: Argumenta-se que a fragmentação do sistema e dos cuidados poderá ser enfrentada na complementariedade de medidas que possibilitem conhecer, desenvolver habilidades profissionais, institucionalizar e promover condições organizacionais para a efetiva utilização de mecanismos de coordenação em toda rede de atenção à saúde.
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