Status sorológico e de infecção canina em área endêmica de leishmaniose visceral

Autores

  • Daniela Farias Laranjeira Universidade Federal da Bahia; Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia; Departamento de Clínica e Patologia
  • Vânia Lúcia Ribeiro da Matta Faculdade de Medicina. Universidade de São Paulo; Departamento de Patologia; Laboratório de Patologia de Moléstias Infecciosas/LIM-50
  • Thaíse Yumie Tomokane Faculdade de Medicina. Universidade de São Paulo; Departamento de Patologia; Laboratório de Patologia de Moléstias Infecciosas/LIM-50
  • Mary Marcondes Universidade Estadual Paulista; Faculdade de Medicina Veterinária; Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal
  • Carlos Eduardo Pereira Corbet Faculdade de Medicina. Universidade de São Paulo; Departamento de Patologia; Laboratório de Patologia de Moléstias Infecciosas/LIM-50
  • Márcia Dalastra Laurenti Faculdade de Medicina. Universidade de São Paulo; Departamento de Patologia; Laboratório de Patologia de Moléstias Infecciosas/LIM-50

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005224

Resumo

OBJETIVO Foi investigado o status sorológico de cães, em área endêmica de leishmaniose visceral, e sua correlação com a infecção parasitológica dos animais. MÉTODOS A resposta humoral canina foi avaliada no soro de 134 cães pelo método ELISA e pela imuno-histoquímica, para detectar parasitos na pele, linfonodo e baço desses animais. Os anticorpos específicos investigados foram IgG, IgG1, IgG2 e IgE. RESULTADOS De acordo com os achados parasitológicos, laboratoriais e clínicos, os cães foram alocados em um dos quatro grupos: assintomáticos com (AP+, n = 21) e sem (AP-, n = 36) parasitismo tecidual por Leishmania e sintomáticos com (SP+, n = 52) ou sem (SP-, n = 25) parasitismo. Níveis mais elevados de IgG e IgE se correlacionaram positivamente com o status de infecção e a carga parasitária, mas não com a condição clínica. Em todos os grupos, IgG total foi o anticorpo predominante, com maior concentração de IgG2 que IgG1. O anticorpo IgG foi positivo em proporção elevada nos animais infectados (SP+ 98,1%; AP+ 95,2%), mas não o IgE (SP+ 80,8%; AP+ 71,2%). O achado mais relevante refere-se aos cães não infectados que apresentaram elevada positividade para anticorpos IgG anti-Leishmania (SP- 60,0%; AP- 44,4%), IgE (SP- 44,0%; AP- 27,8%), IgG1 (SP- 28,0%; AP- 22,2%) e IgG2 (SP- 56,0%; AP- 41,7%). CONCLUSÕES O status sorológico dos cães, determinado por qualquer classe ou subclasse de anticorpos, não distinguiu com acurácia cães infectados por L. (L.) infantum chagasi daqueles não infectados. A imprecisão do resultado sorológico pode prejudicar não só o diagnóstico, mas também as investigações epidemiológicas e as estratégias para o controle da leishmaniose visceral. Esse complexo cenário sorológico observado na área endêmica mostra quão desafiador é o diagnóstico canino, e aponta a dificuldade enfrentada pelos médicos veterinários e coordenadores dos programas de controle.

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Publicado

2014-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Laranjeira, D. F., Matta, V. L. R. da, Tomokane, T. Y., Marcondes, M., Corbet, C. E. P., & Laurenti, M. D. (2014). Status sorológico e de infecção canina em área endêmica de leishmaniose visceral . Revista De Saúde Pública, 48(4), 563-571. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005224