A experiência materna no cotidiano de cuidados dos bebês de risco no domicílio
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v33i1-3e218725Palavras-chave:
Mães, Relações mãe-filho, Cuidado do Lactente, Recém-Nascido, Atividades cotidianas, Terapia ocupacionalResumo
Este artigo se propõe a apresentar a experiência materna no cotidiano domiciliar de cuidados dos bebês de risco. Foram realizadas histórias orais temáticas com três mães de bebês atendidos em serviço de reabilitação no município de São Paulo, selecionadas por conveniência. As entrevistas foram gravadas, transcritas, textualizadas e transcriadas e, após análise temática, foram identificadas duas categorias empíricas: (i) A ida para casa: os primeiros cuidados entre a alegria e o medo; (ii) O cuidado no domicílio, os encaminhamentos e a construção pessoal da rede. O estudo concluiu que a chegada do bebê ao domicílio no pós-alta hospitalar configurou-se como um momento de sentimentos de alegria e medo e que as mães assumiram o papel de cuidadora quase exclusiva, tendo que lidar inclusive com a instabilidade da condição de saúde do bebê. Além do cuidado rotineiro, as mães realizavam procedimentos especializados e acompanhamento ambulatorial dos bebês. A precária oferta de programas e políticas, que apoiassem os cuidados no pós-alta, demandou que as mães empreendessem a construção pessoal de uma rede de cuidados. Assim, o cotidiano de cuidados dos bebês de risco no domicílio se revelou como uma vivência exaustiva para as mulheres, embora percebida como prazerosa e repleta de afeto.
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