Apresentação ao número 43
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v43p1-4Abstract
Apresentação ao número 43
Mariângela de Araújo
Elena Vássina
Maurício Santana Dias
John Milton
É com grande satisfação que a Comissão Editorial da revista TradTerm
apresenta a seus leitores este quadragésimo terceiro número. Os tópicos
abordados nos artigos aqui reunidos, escritos por autores de diversas
instituições brasileiras e estrangeiras, são os mais variados, demonstrando mais
uma vez a amplitude das pesquisas na área dos Estudos da Tradução e da
Terminologia.
O artigo que abre este número da TradTerm é “Acknowledging
connections between Reading and Translation Studies: a bibliographical
review”, assinado por Claudia Marchese Winfield e Lêda Maria Braga Tomitch.
Nele as autoras realizam um estudo sobre os processos cognitivos em tradução,
buscando conexões teóricas e metodológicas entre os Estudos da Tradução (ET)
e a Leitura. Partindo d abordagem das pesquisas de FERREIRA e SCHWIETER,
HURTADO ALBIR e SHREVE, chega-se à conclusão de que fatores como a
experiência influenciam a leitura na tradução, e que tradução, leitura e leitura
durante a tradução são processos paralelos e distintos, que se associam durante
a atividade de tradução.
Na sequência, temos o artigo “Interpretação intermodal em conferência
multilíngue: de língua estrangeira para língua de sinais”, de Vânia de Aquino
Albres Santiago e Eda Vera Turcato. O texto aborda aspectos da atividade de
interpretação simultânea intermodal em conferências e eventos multilíngues,
de uma língua estrangeira vocal (C) para a língua de sinais do intérprete (B).
Baseado na Análise Dialógica do Discurso, foram entrevistados intérpretes
brasileiros e argentinos. As autoras oferecem reflexões relevantes para
interpretação intermodal em contextos multilíngues, estimulando novas frentes
de pesquisa.
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O terceiro artigo que integra este número da revista é “Domesticação,
infidelidade abusiva e a ilusória invisibilidade do tradutor: o caso dos memes
na dublagem brasileira da animação (Des)encanto”, de Adauri Brezolin e
Gabriela Favero Perretta, no qual os autores examinam aspectos da dublagem
da série (Des)encanto (Netflix, 2028). Com base na análise de 15 falas da série
e suas dublagens em português brasileiro, discute-se como, mesmo em um texto
altamente domesticado, o tradutor alcança visibilidade. Por meio da construção
de argumentos consistentes sobre as relações entre dublagem, tradução e
tradução para dublagem, estratégias de domesticação e estrangeirização
(VENUTI, 1995), com destaque para o meme, evidencia-se que a prática da
“infidelidade abusiva” pode tornar o tradutor visível.
Em seguida, o artigo “Aspectos linguísticos e culturais na adaptação de
instrumento para a identificação de apraxia de fala na infância”, de Letícia
Cristina Silva e Simone Rocha de Vasconcellos Hage, oferece ao leitor uma
consistente análise das diretrizes para tradução e adaptação transcultural de
protocolos da área de saúde, com foco na apraxia da fala infantil. Partindo das
diretrizes de BEATON et. al. (2000), verificou-se a adaptação de aspectos
linguísticos e culturais para se alcançar o melhor resultado possível. As autoras
reforçam que, em um texto que prima pela precisão, a consideração do públicoalvo e da experiência do tradutor são fundamentais para a qualidade da
tradução.
O artigo seguinte se dedica ao estudo da tradução do texto literário:
“Henriqueta Chamberlain: a tradução de Inocência (1946) e suas experiências
no Brasil”, de Eliza Mitiyo Morinaka e Luciana Vitória Cupertino Santos. A
tradução do romance Inocência (1946), de Visconde de Taunay, para o inglês
ganhou espaço nas livrarias dos EUA na década de 1940 com o apoio do OCIAA
(Office of the Coordinator of Interamerican Affairs), agência criada com a
missão de estreitar as relações interamericanas. A análise da tradução de
Henriqueta Chamberlain – acompanhada da elaboração de um perfil biográfico
da tradutora – demonstra que a autora, que viveu no país, teve uma consistente
experiência sobre temas brasileiros, o que permitiu a realização de um texto
acessível para leitores de língua inglesa, o qual levou em consideração tanto o
projeto pedagógico do OCIAA quanto os aspectos do sistema literário
estadunidense.
Em seguida, ainda no campo das relações entre literatura e tradução, o
romance Gouverneurs de la rosée (1944), do autor haitiano Jacques Roumain
(1907-1944), uma das vozes mais proeminentes do Haiti, é cuidadosamente
analisado no artigo “Tradutores do orvalho: tradução e crioulização em
Gouverneurs de la rosée”, assinado por Thiago Mattos e Henrique Provinzano
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Amaral. Baseando-se nas pesquisas de GLISSANT, LAROCHE E COMBE, os autores
demonstram como o autor criouliza o francês, subvertendo a lógica da diglossia
colonial entre francês e crioulo, criando uma narração que dialoga com a
tradução de modo a “desterritorializar” o leitor francófono e “reterritorializar”
o francês com o créole.
Na sequência, Marina Leivas Waquil defende, no artigo intitulado “Um
glossário dos Estudos de Gênero no Brasil: bastidores de um trabalho
terminográfico”, a criação de um produto terminográfico baseado na ideia de
que termos comuns adquirem caráter especializado em contextos específicos.
Empregando a Linguística de Corpus, a autora compilou e analisou uma base de
artigos científicos dos periódicos Revista de Estudos Feministas e Cadernos
Pagu, valendo-se para tanto da ferramenta Antconc. O glossário reúne 218
termos organizados com rigor metodológico e consistência, contribuindo para
as áreas de terminologia e terminografia.
Encaminhando para o fechamento do número, em “Da vita monachorum
a vita religiosa: a concepção de vida religiosa e a criação da Congregação
Beneditina Portuguesa analisadas por meio de uma tradução da Regra de São
Bento de 1586”, Jefferson dos Santos Alves constata que, na tradução
portuguesa publicada em 1586 da Regra de São Bento, escrito por Bento de
Núrsia no século VI, foram usadas as palavras “religioso” e “religião” (religiosus
e religio), embora inexistentes no contexto/texto original. Colocando em pauta
a estratégia do tradutor, com estudo minucioso dos conceitos religiosus e religio
e dos contextos com os quais dialoga o texto e sua publicação, demonstra-se
que não houve perda de sentido por parte da tradução.
Na conclusão deste número, a resenha de Eric Claude Leurquin intitulada
“La note américaine Killers of the flower moon” discorre sobre o livro Killers of
the flower moon. The Osage Murders and the Birth of the FBI Globe, de David
Grann (2017), com base na tradução de Cyril Gay, publicada em Paris pela
L’école des Loisirs em 2018, com o título La note américaine. A resenha aborda
a construção de uma das narrativas de investigação mais impactantes dos
últimos tempos, adaptada para o cinema por Martin Scorsese. Traduzido no
Brasil como Assassinos da Lua das Flores, o livro narra os assassinatos de
membros da tribo Osage na década de 1920, após a descoberta de petróleo em
suas terras em Oklahoma. A investigação, liderada pelo jovem Edgar J. Hoover
em investigação seminal do FBI, revela uma conspiração para usurpar a riqueza
dos Osage, destacando a corrupção e a violência da época.
A comissão editorial da TradTerm encerra esta apresentação desejando a
todos uma leitura proveitosa e agradecendo a todos os colaboradores da revista.
Os agradecimentos vão especialmente aos autores-pesquisadores, aos
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avaliadores dos artigos, à secretária do CITRAT, Sandra Albuquerque, e à
monitora Thábata Salles, que muito contribuíram para a publicação deste
número.
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