Uma imaginação concreta

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i32p272-292

Palabras clave:

Murilo Mendes, Espanha, Concreto, Imaginação

Resumen

Os poemas de Tempo Espanhol, de Murilo Mendes, desde que o livro foi publicado, em 1959, em Portugal, chamam a atenção dos críticos pelo direcionamento ao concreto que aparentam indicar., tanto na forma, como no conteúdo. A dimensão objetiva da linguagem como formante da expressão da experiência das viagens são lidas como instâncias definidoras dessa poética de Murilo Mendes praticada durante a sua residência europeia, em que a escrita de poesia passa a ocorrer em concomitância à escrita da prosa memorialística, ambas voltadas para o universo cultural-geográfico. Este artigo propõe cercar a noção de concreto atribuída aos poemas de Murilo Mendes com referências que apontam para certa tradição poética em Espanha, do século XVII, e também a modernista, concebida também sob influxos da vanguarda surrealista. Estes núcleos diversos permitem-nos compreender como a  experiência concreta da linguagem em Tempo Espanhol se realiza indissociada do processo imaginativo do autor diante da matéria hispano cultural da qual se revelam as materialidades térrea, ignea, líquida e aérea, cabendo, neste sentido, considerar nessa direção de leitura o pensar e o sentir como dimensões conciliáveis, assim como o concreto e o abstrato.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Aline Leão do Nascimento, Universidade Estadual de Campinas

    Doutoranda em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas. Graduada em Letras e Mestre em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de São Paulo. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (financiamento FAPESP 2023/10313-8).

Referencias

ALONSO, Dámaso. “Góngora entre sus dos centenarios (1927-1961)” In: Cuatro poetas españoles, Gredos, Madrid, 1962, p. 49-77.

ARAÚJO, Laís Corrêa. Murilo Mendes. Ensaio Crítico, Antologia, Correspondência. São Paulo: Perspectiva, 2000.

ARRIGUCCI, Davi Jr. “Arquitetura da memória” In: O cacto e as ruínas. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000, p. 95-123.

CARVALHO, Ricardo Souza de. “Murilo Mendes escreve cartas aos espanhóis”. Teresa revista de Literatura Brasileira; São Paulo, nº 8/9, 2008, p. 56-67.

CARVALHO, Ricardo Souza de. A Espanha de João Cabral e Murilo Mendes. São Paulo: Ed. 34, 2011.

COSTA, Cristina Henrique. Imaginando Cabral imaginando. Campinas: Editora Unicamp, 2014.

FRIAS, Joana Matos. “Um olhar nítido como um girassol: João Cabral e Murilo Mendes”. Colóquio/Letras. Lisboa, n. 157-158, 2000, p. 63-80.

FRIAS, Joana Matos. “Murilo Mendes e o cosmotexto ideogramático”. Revista da Faculdade de Letras. Línguas e Literatura. Porto, XVI, 1999, p. 125-142.

GUIMARÃES, Júlio Castañon. “Apontamentos sobre algumas aproximações e alguns procedimentos em Murilo Mendes”. In: RIBEIRO, Gilvan Procópio (Org). Murilo Mendes, Visionário. Juiz de Fora: EDUJF, 1997, p. 15-27.

GUIMARÃES, Júlio Castañon.“Em Torno de Tempo Espanhol. In: Ana Maria Lisboa de Mello. (Org.). Cecília Meireles & Murilo Mendes. 1901-2001. Porto Alegre: Uniprom, 2002, p. 208-216.

MALDONATO, Reny Gomes. Geração de 27 e Barroco: La Mirada exuberante. Tese de doutorado, 252f. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015.

MASSI, Augusto. Murilo Mendes: a poética do poliedro. In: PIZARRO, Ana. América Latina: palavra, literatura e cultura. São Paulo: Memorial Campinas: UNICAMP, 1995, p. 321-333.

MENDES, Murilo. Entrevista a Walmir Ayala. Jornal do Brasil. Suplemento Dominical. Rio de Janeiro, 25 jun.1959, p.4-5.

MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

MENDES, Murilo. Tempo Espanhol. Rio de Janeiro: Record, 2001.

NEMI, Ana Lúcia Lana. “A Guerra Civil Espanhola e suas Raízes Decimonônicas. A Nação entre as Luzes e as Brumas”. In: MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Guerra Civil Espanhola: 70 anos depois. São Paulo: Edusp, 2011, p. 49-79.

PASSOS, Cleusa Rios Pinheiro. “‘Cosas de España’” em Murilo Mendes. Literatura e Sociedade. São Paulo: USP. v.8. n.9, 2006, p.125 -137.

SIMÕES, João Gaspar. “Murilo Mendes - Tempo espanhol; João Cabral de Melo Neto - Quaderna e Duas Águas”. Lisboa: Delfos, 1962, p.339-346. In: GUIMARÃES, Júlio Castañon. Cartas de Murilo Mendes a correspondentes europeus. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2012, p.165-170.

SOUSA, Carlos Mendes de. “Conversar-escrevendo: João Cabral e Murilo Mendes”. Colóquio/Letras, Fundação Calouste Gulbenkian, nº 200, 2019, p. 123-160.

TORRES, Alexandre Pinheiro. Programa para o concreto. Lisboa, Editora Ulisseia, 1966.

Publicado

2024-12-26

Cómo citar

Nascimento, A. L. do. (2024). Uma imaginação concreta. Revista Desassossego, 16(32), 272-292. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i32p272-292