Direitos linguísticos e cooficialização da língua alemã em São João do Oeste, Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v25i2p147-160Palavras-chave:
Direitos linguísticos, Língua Alemã, Cooficialização, São João do Oeste-SCResumo
A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos é pouco conhecida pela população e principalmente por aqueles a quem ela mais possa interessar. De acordo com este documento, os falantes de outras línguas, que não são oficiais em um determinado território, têm direito e estão livres para usá-las em suas vidas sem sofrer qualquer tipo de discriminação, exclusão e perseguição. Este estudo propõe-se a explanar questões referentes aos direitos linguísticos, ao linguicismo e ao linguicídio e relacioná-los com o processo de cooficialização da língua alemã em São João do Oeste-SC, pautando-se especialmente nos pressupostos teóricos de Skutnabb-Kangas (2019); Skutnabb-Kangas e Phillipson (1995; 2017) entre outros, além de fontes históricas sobre o município e a Lei de cooficialização nº1685/2016. Os resultados mostram que, antes da cooficialização em 2016, ocorreram ações para atribuir prestígio à variedade alemã. Porém, ao analisar o que postula a lei, percebemos que esta política está voltada para atrair turistas e pouco representa os falantes ou garante os direitos linguísticos de um grupo minoritário.
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