A vida da mulher no debate médico do Brasil oitocentista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.222721

Palavras-chave:

Aborto, Cesariana, Estudos de gênero, História, Século XIX, Teses médicas

Resumo

Este artigo examina as teses médicas produzidas nas Faculdades de Medicina do Brasil oitocentista que tratam da questão dos partos complicados e debatem sobre qual existência deveria ter prioridade, da gestante ou do feto. Este debate obedeceu às estratégias de poder e prestígio social dos nelas diplomados e da institucionalização da prática médica. O objetivo é refletir sobre a construção de um saber masculino sobre o corpo da mulher, cujo sustentáculo consistia na definição de diferenças sexuais e o consequente enquadramento desta última à capacidade reprodutiva e ao exercício da maternidade.

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Biografia do Autor

  • Luiz Lima Vailati, Universidade Federal de Viçosa

    Doutor pelo Programa de Pós-graduação em História Social, Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, professor associado do Departamento História da Universidade Federal de Viçosa.

  • Karina Aparecida de Lourdes Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutoranda em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Departamento de História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais.

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Publicado

2025-03-10

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Como Citar

VAILATI, Luiz Lima; FERREIRA, Karina Aparecida de Lourdes. A vida da mulher no debate médico do Brasil oitocentista. Revista de História, São Paulo, n. 184, p. 1–30, 2025. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.222721. Disponível em: https://periodicos.usp.br/revhistoria/article/view/222721.. Acesso em: 11 mar. 2025.

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