Os sujeitos da insubmissão: narrativas de protesto e contestação à política florestal do Estado Novo (1938-1974)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2024.224965Palavras-chave:
Estado Novo, Regime Florestal, Baldios, Formas de resistência, PortugalResumo
O nosso objetivo neste artigo é, fundamentalmente, fornecer informação mais detalhada sobre as formas de ação popular contra o projeto de florestação criado pelo regime do Estado Novo, em Portugal, a partir de 1938. De forma sistemática ou aleatória, este tema tem sido trabalhado por alguns investigadores, tendo sido produzida uma quantidade considerável de informação e conhecimento. A visão global através da qual nos propomos abordar a resistência camponesa parte de um elemento específico do seu repertório de contestação: as petições e exposições enviadas pelas comunidades rurais e agentes locais ao governo. Na sequência do exposto, o objetivo fundamental é identificar e clarificar os processos e os meios que produzem uma resistência em diálogo direto com o poder político e que convergem para a ideia de lógica ininterrupta de oposição às políticas públicas em diferentes pontos do país durante a ditadura.
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Referências
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