Portugal, província do Brasil? O policentrismo do império híbrido luso-brasileiro. Especificidades históricas

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2024.219165

Mots-clés :

Império ultramarino, Hibridismo, Colônia, Monarquia policêntrica, Cultura política

Résumé

Em 1808 a família real portuguesa aportava no Brasil fugindo das invasões napoleônicas em Portugal. A partir de então criou-se na colônia toda uma estrutura político-administrativa que transformou o Rio de Janeiro na nova capital do império ultramarino português. Este artigo aborda questões de identidade política desse império português desde 1808 até 1822. Procura-se demonstrar, através de fontes, debate historiográfico e valorizando-se as perspectivas da história comparada dos reinos ibéricos – principalmente a Espanha também invadida e seus domínios-, como determinadas premissas analíticas articuladas com os conceitos de hibridismo político e de monarquia policêntrica, contribuem para a compreensão de como esse império funcionava e o dinamismo de sua cultura política. Nesse ínterim se atestam a especificidade do império luso-brasileiro que se estabeleceu nos trópicos como uma configuração então inédita na história das monarquias da época Moderna.

##plugins.themes.default.displayStats.downloads##

##plugins.themes.default.displayStats.noStats##

Biographie de l'auteur

  • Marcos Aurélio Pereira, Universidade de Brasilia- UnB

    Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói, Rio de janeiro. Pós-doutor em História pela Universidad Pablo Olavide (UPO), em Sevilha, Espanha. Professor associado de História Moderna da Universidade de Brasília – Brasília – Distrito Federal – Brasil

Références

Colecção de alguns manuscriptos curiosos do excelentíssimo Bispo de Elvas. Londres: impresso por L. Thompson, 1819, Biblioteca Nacional de Lisboa.

ALEXANDRE, Valentin. Os sentidos do império. Questão nacional e questão colonial na crise do antigo regime português. Porto: Edições Afrontamento, 1993.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Cia das letras, 2008.

BICALHO, Maria Fernanda. A cidade e o império: O Rio de Janeiro no século XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BICALHO, Maria Fernanda. Gobernadores y virreyes en el Estado de Brasil: ¿dibujo de una corte virreinal? In: CARDIM, Pedro, LLUÍS-PALOS, Joan. El mundo de los virreyes en las monarquías de España y Portugal. Madrid: Iberoamericana/Frankfurt am Main: Vervuert, 2012.

CABRAL, Dilma. (Org.). Estado e Administração. A corte joanina no Brasil. Rio de janeiro: Arquivo Nacional, 2010.

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas hibridas. Estrategias para entrar y salir de la modernidad. Nueva edición, Buenos Aires: Paidós, 2001.

CARDIM, Pedro. Portugal y la monarquía hispánica. (ca. 1550- ca.1715). Madrid: Marcial Pons História, 2017.

CARIELLO, Rafael. PEREIRA, Thales Zamberan. Adeus, senhor Portugal: crise do absolutismo e a independência do Brasil. 1ª ed. São Paulo: Companhia das letras, 2022.

DIAS, Maria Odila Leite da Silva. A interiorização da metrópole de outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.

FRAGOSO, João e GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. (Orgs.). Na trama das redes: política e negócio no império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

FRAGOSO, João. GUEDES, Roberto. KRAUSE, Thiago. A América portuguesa e os sistemas atlânticos na Época Moderna. Monarquia pluricontinental e o Antigo Regime. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

FRANCO, Francisco Soares. Reflexões sobre a conduta do príncipe regente de Portugal, revistas e corrigidas. Coimbra: na real imprensa da Universidade, 1808.

GUERRA, Francois Xavier. Modernidad e independéncias. Ensayos sobre las revoluciones hispánicas, México, F. C. E. 2000.

FUNCHAL, Marquês de. O conde de Linhares. 2 ª edição fac-símile. Brasília: Thesaurus, 2008.

GOUVEA, Maria de Fátima Silva. 1808: Rio de janeiro, única capital imperial das Américas. In: CARDOSO, José Luís. MONTEIRO, Nuno Gonçalo. SERRÃO, Verissimo Joel. (Orgs.). Portugal, Brasil e a Europa napoleônica. Lisboa: ICS, 2010.

GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. O império das províncias. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

GRAFE, Regina. Distant Tyranny: polycentric state-building and fiscal systems in Spain 1650-1800 : Northwestern University, 2012.

GREENE, Jack. Authorities negotiated: Essays in Colonial Political and Constitutional History. Londres: University Press Virginia, 1994.

HENRIQUES, Mendo Castro. D. João VI, monarca de uma transição política. In: CARDOSO, José Luís. MONTEIRO, Nuno Gonçalo. SERRÃO, Veríssimo Joel. (Orgs.). Portugal, Brasil e a Europa napoleônica. Lisboa: ICS, 2010.

HERMAN, Jacqueline. O rei da América: notas sobre a aclamação tardia de d. João VI no Brasil.: In: Topoi, v. 8, n. 15, jul.-dez. 2007. ISSN 2237-101x. Disponível em < https://www.scielo.br/j/topoi/a/ww7Zd993XrXfZp8mnQYWdNK/#> Acesso em: 10 nov. 2023. https://doi.org/10.1590/2237-101X008015006

HSUEH, Vicki. Hybrid Constitutions. Challennging legacies of law, privilege, and culture in colonial America. Durham: Duke University Press, 2010

Frédéric-Schaub, Jean. La catégorie « études coloniales » est-elle indispensable ? In: Annales HSS, mai-juin 2008, n°3, p. 625-646. ISSN 0395-2649. Acesso em: 11 nov. 2023. Disponível em: < https://www.cairn.info/revue-annales-2008-3-page-625.htm#>.

LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil. 4ª edição. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.

LUCAS, Marina Manuela. Organização do império. In: História de Portugal: o liberalismo (1807-1890). Vol. 5. Lisboa: Círculo de Leitores, 1994.

LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império: Portugal e Brasil: bastidores da política, 1798-1822. Rio de janeiro: Sete letras, 1994.

MALERBA, Jurandir. A corte no exílio, civilização e poder no Brasil, às vésperas da independência (1808- 1821). São Paulo: Cia das Letras, 2000.

MARTINS, Maria Fernandes Vieira. Conduzindo a barca do Estado em mares revoltosos: 1808 e a transmigração da família rela portuguesa. In: FRAGOSO, João. GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. (Orgs.). O Brasil colonial. 1720-1821. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

MELLO, Evaldo Cabral de. Um imenso Portugal. História e historiografia. São Paulo, Editora 34, 2002.

MOLINO, Leonardo. Hybrid Regimes or Regimes in Transition, Madrid: Fundación para las Relaciones Internacionales y el Diálogo Exterior, 2007.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Poder senhorial, estatuto nobiliárquico e aristocracia. In MATTOSO, Jose (Coord.). História de Portugal (O Antigo Regime). Lisboa: Editorial Estampa, 1992.

MAXWELL, Kenneth. (Org.). Chocolate, piratas e outros malandros. Ensaios tropicais. São

Paulo: Paz e Terra, 1999.

MAXWELL, Kenneth. Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira. Formação: histórias. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000.

NEVES, João Acúrsio das. História geral da invasão dos franceses em Portugal e da restauração deste reino. Porto: Edições Afrontamento, 2008.

PÉREZ, Francisco José Aranda, RODRIGUES José Damião. (eds.) De republica hispaniae. Una vindicación de la cultura política en los reinos ibéricos en la primera modernidad. Madrid/; Silex, 2008.

PEDREIRA, Jorge. COSTA, Fernando D. D. João VI. Um príncipe entre dois continentes. São Paulo: Cia das letras, 2008.

Cardim, Pedro. Herzog, Tamar. Ibáñez, José Javier Ruiz. Sabatini, Gaetano, (eds.) Polycentric Monarchies. How Did Early Modern Spain and Portugal Achieve and Maintain a Global Hegemony? Eastbourne, UK: Sussex Academic Press, 2012.

POCOCK, John. Greville Agard. Linguagens do ideário político. Tradução de Fábio Fernandes. São Paulo: Edusp, 2003.

SÁNCHEZ, Manuel Herrero. Republicas y republicanismo en la Europa moderna (siglos XVI-XVIII). Madrid: FCE, Red Columaria, 2017.

SCHULTZ, Kirsten. Versalhes tropical. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

SANTOS, Catarina Madeira. Goa é a chave de toda Índia. (1505-1570). Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos portugueses, 1999.

SLEMIAN, Andréa. A corte e o mundo: uma história do ano em que a família portuguesa chegou ao Brasil. São Paulo: Alameda, 2008.

SOUZA, Laura de Mello e; FURTADO, Júnia Ferreira. BICALHO, Maria Fernanda (Org.). O Governo dos Povos. São Paulo: Alameda, 2009.

SUBTIL, José. Portugal y la guerra peninsular. El maldito año 1808. In: Cuadernos de historia moderna. Anejos, 2008, VII, 135-117. ISBN 978-84-669-3067-3. Acesso em: 05 nov. 2023. Disponível em: < https://repositorio.ual.pt/server/api/core/bitstreams/632c9a3e-70de-4779-aab5-18500c33341f/content >.

WALLERSTEIN, Immanuel. The modern world-system. 3 vols. New York: Academic Press, 1974-89.

SHILLS, Edward. Centro e periferia. Lisboa: Difel, 1992.

XAVIER, Ângela Barreto; PALOMO, Federico; STUMPF, Roberta (orgs.). Monarquias Ibéricas em Perspectiva Comparada (séculos XVI-XVII). Lisboa: ICS – Imprensa de Ciências Sociais, 2018.

WEHLING, Arno A monarquia dual luso-brasileira – crise colonial, inspiração hispânica e criação do Reino Unido: in Anais do Seminário Internacional D. João VI, um rei aclamado na América, Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional, 2000, p. 338-347.

Publiée

2024-08-27

Numéro

Rubrique

Artigos

Comment citer

PEREIRA, Marcos Aurélio. Portugal, província do Brasil? O policentrismo do império híbrido luso-brasileiro. Especificidades históricas. Revista de História, São Paulo, n. 183, p. 1–30, 2024. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2024.219165. Disponível em: https://periodicos.usp.br/revhistoria/article/view/219165.. Acesso em: 3 déc. 2024.