Estigma e experiência do malungo: a cultura etílica da venda
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v2i1p7-30Palavras-chave:
Venda-Taverna, Aguardente, Escravos, Estigma, AncestralidadeResumo
O artigo apresenta os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado sobre a história das tavernas no Brasil e realiza um esforço inicial de reflexão sobre os contextos de consumo de bebida alcoólica naqueles espaços, bem como nos seus entornos. A partir da crítica de um estereótipo segundo o qual a ingestão alcoólica dos grupos escravizados estava associada ao pecado, ao vício e à doença, investigo suas práticas de beber a partir do conceito de cultura etílica (drinking culture). A taverna foi um dos locais onde estas experiências aconteciam, assim como as senzalas e terreiros. Neste sentido, ela também foi o palco da conformação de identidades e resistências não violentas constituídas pelos africanos diaspóricos.
Downloads
Referências
AGOSTINI, Camilla. Africanos no cativeiro e a construção de identidades no além-mar: Vale do Paraíba, século XIX. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2002.
AGOSTINI, Camilla. As artes da Ngoma no Brasil: o jongo/caxambu e as comunidades escravas no sudeste oitocentista. Anais do I Seminário de Pós-Graduandos do CEO/PRONEX, Rio de Janeiro, 2007.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ANDRADE, Mário de. O samba rural paulista. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo, São Paulo, ano IV, v. XLI, nov. 1937.
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. V. 5 (Letras K-N). Lisboa: Officina de Pascoal da Sylva, Impressor de Sua Magestade, 1716. Disponível em:
<https://digital.bbm.usp.br/view/?45000008429#page/1/mode/2up>. Acesso em: 11 ago. 2020.
BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino. V. 8 (Letras T-Z). Lisboa: Officina de Pascoal da Sylva, Impressor de Sua Magestade, 1721. Disponível em:
<https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5441>. Acesso em 26 jul. 2020.
BLUTEAU, Raphael. Supplemento ao vocabulario portuguez e latino. Parte II. Lisboa: Patriarcal Officina da Musica, 1728. Disponível em:
<https://digital.bbm.usp.br/view/?45000008425#page/1/mode/2up>. Acesso em: 11 ago. 2020.
BRASIL, Antonio Americano do. Cancioneiro de trovas do Brasil Central. São Paulo: Editora Monteiro Lobato, 1925.
BENCI, Jorge. Economia cristã dos Senhores no Governo dos Escravos. São Paulo: Grijalbo, 1977.
BEZERRA-PEREZ. Carolina dos Santos. Saravá jongueiro Velho! Memória e ancestralidade no Jongo de Tamandaré. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2012.
CASCUDO, Luís da Câmara. Made in Africa. São Paulo: Global, 2001 [1965].
CHAVES, Maria das Graças. Perfeitos negociantes: mercadores das minas setecentistas. São Paulo: Annablume, 1999.
COUTY, Louis. A escravidão no Brasil. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1988.
DIAS, Paulo. A outra festa negra. In: JANCSÓ, István; KANTOR, Iris. Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa. São Paulo: Hucitec/Edusp/Fapesp/Imprensa Oficial, 2001.
EBEL, Ernst. Rio de Janeiro e seus arredores. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1972.
FANON, Frantz. Racismo e cultura. Portal Geledés, 27 mai. 2014. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/racismo-e-cultura-leitura-psicanalitica-e-politica-de-frantz-fanon/>. Acesso em: 26 jul. 2020.
FIGUEIREDO, Luciano. O avesso da memória. Cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.
FLORENCE, Hercules de. Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas pelas províncias brasileiras de São Paulo, Mato Grosso e Grão Pará (1825-1829). Brasília: Senado Federal, 2007.
GALLET, Luciano. Estudos de folclore. Rio de Janeiro: Editores Brasil, 1934.
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigação sobre uma categoria da sociedade burguesa. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
LAMAN, Karl. The Kongo (v. II). Estocolmo: Victor Pettersons Bokindustri Aktiebolag, 1953.
LOPES, Nei. Bantos, males e identidade negra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. O plano e o pânico: movimentos sociais na década da Abolição. São Paulo: Edusp, 2010.
MAIOR, Mário Souto. Cachaça. Brasília: Thesaurus, 1985.
MORAES SILVA, Antonio de. Diccionario da lingua portugueza. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813.
POEL, Francisco van der. Dicionário da religiosidade popular: cultura e religião no Brasil. Curitiba: Nossa Cultura, 2013.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.
RIBEYROLLES, Charles. Brasil pitoresco. São Paulo: Edusp, 1980.
RUBIM, Braz da Costa. Vocabulario brasileiro para servir de complemento aos diccionarios da língua portugueza. Rio de Janeiro: Typ. Dous de Dezembro de Paula Brito Impressor da Casa Imperial, 1853.
SILVA PINTO, Luiz Maria da. Diccionario da Lingua Brasileira. Ouro Preto: Typographia de Silva, 1832. Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5414>. Acesso em 26 jul. 2020.
SLENES, Robert. “Malungu, ngoma vem!”: África coberta e descoberta do Brasil”. Revista USP, São Paulo, n. 12, pp. 48-67, 1992.
SLENES, Robert. “Eu venho de muito longe, eu venho cavando”: jongueiros cumba na senzala centro-africana. In: LARA, Silvia Hunold; PACHECO, Gustavo (orgs.). Memória do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein, Vassouras, 1949. Rio de Janeiro/Campinas: Folha Seca/Cecult, 2007, p. 109-156.
SLENES, Robert. A árvore de Nsanda transplantada: cultos kongo de aflição e identidade escrava no Sudeste brasileiro (século XIX). In: LIBBY, Douglas; FURTADO, Júnia Ferreira (orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa, séculos XVIII e XIX. São Paulo: Annablume, 2006, p. 273-316.
SMITH, Frederick H. Caribbean Rum: A Social and Economic History. Gainesville: University Press of Florida, 2005.
STEIN, Stanley J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
THORNTON, J. Africa and Africans in the Making of the Atlantic World, 1400-1680. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
WILLIAMS, Eric. Capitalismo e escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
WILSON, Thomas. Drinking cultures: Sites and Practices in the Production and Expression of Identity. Oxford: Berg, 2005.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).