O tambor islâmico da rua da Cadeia (Silves). Um contributo da arqueologia para uma melhor apreensão da mundividência do al-Andalus.
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.195350Palavras-chave:
Arqueomusicologia, Silves, Tambores, Instrumentos Musicais Medievais, al-AndalusResumo
Predominantemente, a investigação no campo da música e seus instrumentos na Idade Média tem-se alicerçado em fontes escritas e iconográficas, por exemplo originárias da escultura ou de representações em manuscritos de índole diversa. Além de escassas, estas fontes só nos surgem também com suficiente integridade a partir dos séculos XIII/XIV. Não obstante, a maior quantidade e rigor das fontes que a arqueologia nos propicia a partir da década de 90 têm-nos vindo a revelar mais e novos dados graças à arqueologia preventiva, datações por isótopos de carbono e a um maior rigor sobre os contextos estratigráficos. Fontes essas, que além de escassas e raramente providas da integridade desejada, só pontualmente tem sido investigadas de forma aprofundada no âmbito concreto do estudo da música, seus agentes, seus instrumentos e suas práticas. Concretamente quanto aos instrumentos musicais do al-Andalus português, período de domínio e influência islâmica, árabe e berbere durante a Idade Média na península ibérica, o registo arqueológico conhecido não chega a albergar a dezena de exemplares. Neste contexto e tendo como fonte arqueológica um tambor de cerâmica inédito exumado em Silves em contexto de período almóada, este trabalho pretende destacar o potencial destes artefactos e abrir novos rumos na interpretação do instrumento musical e dos contextos socioculturais em que o mesmo era produzido e tocado, almejando novos rumos na sua interpretação e uma mais aprofundada apreensão da mundividência na Idade Média no al-Andalus português. Além da descrição do objecto per se, pretende-se a sua articulação com a iconografia e outras fontes coetâneas, também quanto à sua potencial influência na etnografia até à contemporaneidade.
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