A integralidade no cuidado da obesidade infantil em municípios brasileiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2024058005632

Palavras-chave:

Integralidade em Saúde, Cuidado da Criança, Obesidade Infantil, Atenção Primária à Saúde

Resumo

OBJETIVO: Compreender potencialidades e limites do cuidado em obesidade infantil na perspectiva da integralidade, no contexto da Atenção Primária à Saúde, em municípios brasileiros.

MÉTODOS: Adotou-se a abordagem qualitativa, com aplicação, em 11 municípios das cinco regiões brasileiras, de um formulário eletrônico de caráter dissertativo, derivado dos quatro eixos da integralidade definidos por Ayres (necessidades, finalidades, articulações e interações).

RESULTADOS: Dentre as potências para o cuidado integral, observou-se: a oferta de serviços em diferentes níveis de atenção; a relevância de programas intersetoriais no desenvolvimento de ações voltadas à multidimensionalidade da obesidade infantil; a implementação de estratégias de sistematização do cuidado e ferramentas que estimulem a ampliação do diálogo e a humanização; e a articulação intersetorial para criação de respostas adequadas às necessidades ampliadas das crianças e suas famílias. Enquanto limitações, estão: a centralização das ações nos profissionais nutricionistas e no âmbito assistencial; a não priorização da obesidade infantil nas agendas da saúde; e a insuficiência dos profissionais capacitados para lidar com a complexidade da obesidade.

CONCLUSÕES: Os achados sugerem que as práticas no cuidado da obesidade infantil, para que sejam transformadoras, precisam ser entendidas no âmbito da integralidade. E isso inclui (re)pensar políticas públicas, práticas profissionais, organização dos processos de trabalho para serem, de fato, mais inclusivas, participativas, dialógicas, humanizadas, solidárias, justas e, portanto, eficazes.

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Publicado

2024-07-22

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Barbosa, M. I. de C., Paula, L. S. de, & Recine, E. (2024). A integralidade no cuidado da obesidade infantil em municípios brasileiros. Revista De Saúde Pública, 58(1), 33. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2024058005632