Narradora ou coisa narrada: Eufrozina na representação de Isabel Valadão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/va.i1.199748

Palavras-chave:

Isabel Valadão, narradora, escrava, Angola, colonialismo

Resumo

Angola, as ricas-donas, de Isabel Valadão, reapresenta o passado colonial angolano do século XIX, tendo como foco a elite crioula de Luanda, envolvida com o comércio transatlântico de escravos. Na escrita da autora, é outorgada a uma escrava a função de narradora. Este trabalho pretende dialogar sobre a representação do outro no romance a partir de uma pseudoautonomia da narradora. Ao dar voz a uma escrava em um território colonial do século XIX, a autora sugere a representação de um sujeito colonial a partir de um sujeito soberano do ocidente que não reproduza as forças de domínio e opressão colonial em sua escrita. O trabalho se fundamenta principalmente em Spivak (2000; 2010).

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Biografia do Autor

  • Eliana Pereira de Carvalho, Universidade Estadual do Piauí

    Doutorado em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN (2020). Docente permanente da Universidade Estadual do Piauí-UESPI, campus prof. Barros Araújo, em Picos-PI. Membro do Grupo de Pesquisa de Literaturas de Língua Portuguesa - GPORT/UERN. Membro e primeira secretária da diretoria (2022-2025) da PODES-Associação de estudos pós-coloniais e decoloniais no ensino, na cultura e nas literaturas sul-sul, também ligada à UERN. Participa do Grupo de Estudos e Pesquisa em Literaturas de Língua Portuguesa - GEPELLP e do Grupo de Estudos em Literaturas de Língua Portuguesa - GELLP, ambos pela UESPI, campus de Picos-PI. 

  • Sebastião Marques Cardoso , Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

    Graduação em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996), mestrado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999), doutorado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (2007) e pós-doutorado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (2014). É docente permanente do Departamento de Letras Estrangeiras (DLE- FALA) e dos Programas de Pós-Graduação em Letras (PPGL) e em Ciências da Linguagem (PPCL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Presidente e sócio-fundador da PODES- Associação de estudos pós-colonias e decolonias no ensino, na cultura e nas literaturas sul-sul. Membro da Rede Internacional de Pesquisadores de Literatura Comparada (REDILIC), da Faculdade de Humanidades e Educação, da Universidade de Los Andes, em Mérida-Venezuela. É fundador e líder do Grupo de Pesquisa em Literaturas de Língua Portuguesa- GPORT, certificado pela UERN. Junto ao grupo de pesquisa, à iniciação científica, à graduação e à pós-graduação, coordena os projetos de pesquisa Cultura e representação nas literaturas pós-coloniais de Língua Portuguesa (PPGL) e Cultura, literatura e representação na pós-colonialidade (PPCL). Autor dos livros Oswald de Andrade: anti-heroísmo, literatura e crítica (2010), João do Rio: espaço, técnica e imaginação literária (2011) e Poéticas da Mestiçagem: textos sobre culturas literárias e crítica cultural (2014), todos pela Editora CRV, Curitiba. Tem experiência na área de literatura, com ênfase em cultura, crítica e pós-colonialismo. No PPGL integra as linhas de pesquisa Texto literário, crítica e cultura e Discurso, memória e identidade. No PPCL, Linguagens e práticas sociais. Foi Leitor brasileiro em Guiné-Bissau, pelo MRE/CAPES, no ano de 2009, e o primeiro assessor científico da Universidade Lusófona da Guiné (ULG, antes UAC).

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Publicado

2024-04-30

Edição

Seção

Dossiê 44: Colonialismo/orientalismo: figuras e figurações do Império em narrati

Como Citar

CARVALHO, Eliana Pereira de; CARDOSO , Sebastião Marques. Narradora ou coisa narrada: Eufrozina na representação de Isabel Valadão. Via Atlântica, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 410–441, 2024. DOI: 10.11606/va.i1.199748. Disponível em: https://periodicos.usp.br/viaatlantica/article/view/199748.. Acesso em: 21 nov. 2024.